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Golpe na USP: Empresa de formatura vai bancar a festa de estudantes de Medicina, diz Procon

Em reunião com órgão de defesa nesta segunda-feira, a Ás Formaturas afirmou que vai arcar com os R$ 927 mil desviados pela presidente da comissão

23 jan 2023 - 22h32
(atualizado em 24/1/2023 às 09h45)
Foto: Estadão

Em conversas com o Procon-SP na tarde desta segunda-feira, 23, a Ás Formaturas, empresa contratada para organizar a festa de graduação dos estudantes da 106ª turma de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), afirmou que pretende realizar a comemoração dos futuros médicos, que foram vítimas de um desvio de R$ 927 mil pela presidente da comissão de formatura, Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos.

A empresa foi à sede do órgão de defesa prestar esclarecimentos sobre o caso nesta segunda. Na conversa, representantes da Ás Formaturas se comprometeram a entrar em contato com cada um dos 130 estudantes da 106ª turma para anunciar a proposta de realizar a festa, que está prevista para janeiro de 2024.

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A ideia é que os estudantes continuem pagando o que ainda restava para completar o valor total da festa e a Ás Formaturas banque os R$ 927 mil perdidos. O valor, que antes ficava sob gestão da Ás foi repassado pela empresa para Alicia, para a conta pessoal da estudante. Aos delegados, ela disse que solicitou o dinheiro por entender que a organização não o administrava bem.

Em nota, o Procon informou que a Ás negociava diretamente com as 20 pessoas que compunham a comissão de formatura, e que era esse o grupo quem decidia sobre as transferências do dinheiro da festa. A comunicação, de acordo com a empresa, acontecia por meio de grupo de WhatsApp e que o assunto dos repasses era tratado neste espaço, sem a ciência de todos os formandos.

Contrato 'informal'

Segundo o Procon, o contrato assinado entre os 130 estudantes e a Ás Formaturas é um "documento informal" e que, por isso, "não há garantia de segurança jurídica para os formandos que contrataram a empresa". O contrato, na avaliação do órgão, é "omisso em diferentes pontos" e foi "mal gerenciado", o que teria colaborado para a concretização do desvio por parte da aluna.

Mesmo assim, o Procon diz que pelo Código de Defesa do Consumidor, a Ás Formaturas também deve ser responsabilizada pelo caso, "independente de dolo ou culpa".

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A empresa deverá se reunir novamente com o Procon em 15 dias para apresentar o resultado da conversa com os estudantes. Se eles aceitarem a proposta da Ás, a organização deve apresentar ao órgão um plano de conformidade, que deverá ser acompanhado até a data da festa.

A Secretária de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou por meio de nota que Alicia deve ser ouvida novamente nas apurações do caso. A pasta também afirma que uma "amiga próxima" da presidente da comissão foi intimada a prestar esclarecimento. Os investigadores avaliam se outras pessoas estão envolvidas no desvio do dinheiro da formatura.

A reportagem entrou em contato com a Ás Formaturas, mas não teve retorno até a publicação do texto.

Estudante gastou parte do dinheiro com aluguel e apostas

Com o dinheiro em mãos, Alicia fez uma série de gastos pessoais e investimentos, além de apostas em lotéricas da zona sul da capital paulista. Por tentar fraudar o pagamento das apostas em uma dessas lotéricas, ela também é investigada pelos crimes de estelionato e lavagem de dinheiro.

No começo do mês, os formandos foram informados pela própria Alicia que todo montante arrecadado para a festa ao longo dos últimos quatro anos havia sido perdido.

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Em uma primeira versão da história, ela alegou que tinha sido vítima de um golpe de uma corretora. Na última quinta-feira, 19, porém, a estudante confessou à polícia que usava os valores para uso próprio, como pagamento de aluguel de apartamento. Por conta do desvio, ela está sendo investigada pelo crime de apropriação indébita pelo 16.º Distrito Policial (DP) de São Paulo, na Vila Clementino.

Para tentar reaver o dinheiro perdido, os estudantes têm recorrido à ajuda de personalidades, como a cantora Anitta e o streamer Casimiro. Outra estratégia adotada foi a abertura de uma vaquinha (um financiamento coletivo). De acordo com a última publicação feita pelos formandos na página da comissão nas redes sociais, eles tinham juntado, até às 19h desta segunda, R$ 21 mil.

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