Oferecimento

Governo aumentará verba do Pró-Brasil para R$ 6,5 bilhões

Dinheiro será utilizado em obras públicas pelo país. Metade do valor ficará disponível para parlamentares e a outra metade para o executivo

27 ago 2020 - 17h19
(atualizado às 17h32)
Presidente Jair Bolsonaro ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes. 1/4/2020. REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente Jair Bolsonaro ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes. 1/4/2020. REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

BRASÍLIA - Após a pressão de ministros e do Congresso Nacional por mais recursos para o Plano Pró-Brasil de retomada dos investimentos, o governo Jair Bolsonaro deve destinar R$ 6,5 bilhões do Orçamento para obras públicas, segundo apurou o Estadão/Broadcast.

Desse valor, R$ 3,3 bilhões serão indicados diretamente pelos parlamentares e poderão ser usados para contemplar ações em seus redutos eleitorais. Os ministérios do Desenvolvimento Regional e da Infraestrutura devem receber R$ 1,6 bilhão cada.

Publicidade

O valor negociado representa um revés para o ministro da Economia, Paulo Guedes, que queria limitar a verba a R$ 4 bilhões e priorizar a aprovação de novos marcos regulatórios para atrair o capital privado. Por outro lado, o ministro conseguiu evitar uma manobra "fura teto".

Os recursos serão remanejados de outras áreas, em vez de serem liberados por meio de um crédito extraordinário, como chegou a ser cogitado pela ala política do governo. O crédito extraordinário fica fora do teto, mecanismo que limita o avanço das despesas à inflação.

Guedes já teceu diversas críticas públicas ao desejo de outros ministros de impulsionar a retomada da econômica por meio de investimentos públicos. Segundo o ministro da Economia, ampliar gastos do governo em obras poderia ser o mesmo que "cavar mais fundo" após o "buraco" provocado pelo PAC - o programa de investimentos das gestões petistas.

O aumento do valor, que até o início da semana estava fixado em R$ 5 bilhões, veio após uma disputa travada nos bastidores entre ministros e o Congresso Nacional pela divisão do dinheiro. Os parlamentares queriam aumentar sua fatia no bolo, ao mesmo tempo em que o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, manifestou sua insatisfação com o espaço pequeno que teria nas verbas.

Publicidade

Marinho assumiu o desgaste público de defender o aumento das verbas para obras como forma de impulsionar a retomada do crescimento econômico. O ministro também tem ciceroneado Bolsonaro em viagens por diferentes regiões do País para inaugurar empreendimentos habitacionais e obras de saneamento.

O próprio presidente havia rejeitado a divisão proposta (R$ 2,5 bilhões para o Congresso, R$ 1,5 bilhão para a Infraestrutura e R$ 1 bilhão para o MDR) e pediu uma reformulação.

O governo cogitou negociar uma fatia menor com os congressistas para conseguir contemplar mais os ministérios, mas o risco de azedar de vez a relação com os parlamentares acabou pesando. No fim das contas, a verba superou até mesmo o pedido do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para que se chegasse a R$ 3 bilhões.

A verba que será destinada à indicação de deputados e senadores é diferente das chamadas emendas parlamentares impositivas. Trata-se de dinheiro no Orçamento dos próprios ministérios que é direcionado para ações patrocinadas por esses parlamentares.

Publicidade

Na prática, uma parte da verba dos congressistas vai beneficiar ações do próprio MDR, além de outros ministérios como Cidadania, Turismo, Agricultura, Defesa e Infraestrutura. Porém, a avaliação entre técnicos é que as ações patrocinadas pelos parlamentares atendem a "interesses paroquiais" e acabam deixando de fora projetos estruturantes.

No MDR, parte do dinheiro deve ser destinada à pavimentação em municípios e à compra de máquinas. Uma das ações deve beneficiar municípios do Amapá - um aceno direto a Alcolumbre, eleito pelo Estado.

O Ministério da Infraestrutura pretende usar o dinheiro para evitar a paralisação de canteiros de obras que estariam sob risco já em setembro. O plano da pasta também é de intensificar as obras da Ferrovia Oeste-Leste (FIOL), destinando a ela ao menos R$ 150 milhões, segundo apurou o Estadão/Broadcast. Os recursos seriam direcionados para a estatal Valec aplicar no lote 2 da Fiol, entre Brumado e Barreiras, na Bahia.

Uma das apostas da Infraestrutura no setor ferroviário, a Fiol é considerada um importante corredor de escoamento de minério do sul do Estado da Bahia (Caetité e Tanhaçu) e de grãos do oeste baiano. O Ministério da Infraestrutura pretende leiloar ainda neste ano o trecho 1 dessa Ferrovia, que compreende Caetité (BA)-Ilhéus (BA), com extensão de 537 km. Já os outros dois lotes serão concedidos mais a frente, podendo incluir a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico).

Publicidade
TAGS
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se