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Governo marca reunião com especialistas para baixar conta de luz, vista como vilã da popularidade

O governo organizou uma reunião com especialistas da área de energia para discutir como amenizar o aumento da conta de... Governo marca reunião com especialistas para baixar conta de luz, vista como vilã da popularidade foi publicado primeiro em Banda B.

9 abr 2024 - 08h18

O governo organizou uma reunião com especialistas da área de energia para discutir como amenizar o aumento da conta de luz. Está prevista a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está pessoalmente preocupado com o tema, depois que integrantes do Palácio do Planalto identificaram que o peso da tarifa de energia é um dos fatores que prejudicam a popularidade do mandatário.

De acordo com esses interlocutores de Lula, a percepção é a de que o peso da conta de luz alimenta a sensação de que a economia do Brasil não vai bem, apesar de haver melhora em indicadores como emprego e inflação.

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A reunião está agendada para a tarde desta quarta-feira (10), no Planalto, e a meta é fazer um diagnóstico sobre o que pressiona o custo da energia e receber sugestões para reduzir a tarifa de forma estrutural.

Segundo o cronograma divulgado pelo próprio governo, Lula abre a reunião, e os ministros Alexandre Silveira, de Minas e Energia, e Rui Costa, da Casa Civil, fazem o encerramento.

04.04.2024 – Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de Inauguração da Estação Elevatória de Água Bruta (EEAB) Ipojuca e do Trecho Belo Jardim – Caruaru da Adutora do Agreste Pernambucano. Arcoverde – PE.
04.04.2024 – Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de Inauguração da Estação Elevatória de Água Bruta (EEAB) Ipojuca e do Trecho Belo Jardim – Caruaru da Adutora do Agreste Pernambucano. Arcoverde – PE.
Foto: Ricardo Stuckert / PR / Banda B

Não há dúvidas no setor sobre de onde vem a pressão sobre a conta de luz. São inúmeros os estudos mostrando que não é provocada pelo preço da energia elétrica em si, mas pela distribuição desordenada de subsídios e custos adicionais, que não param de crescer.

Boa parte dos aumentos é proposta e aprovada via projetos de lei no Congresso Nacional, por força de lobbies setoriais, não raro com apoio político do governo federal.

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Existe neste momento, por exemplo, receio de que o próprio governo Lula promova um aumento do custo da energia para o consumidor residencial no texto da MP (Medida Provisória) que deve assinar nesta terça-feira (9), com a presença de Lula, governadores e parlamentares.

Mantido o que estava na minuta que circulou, os especialistas apontam dois problemas que qualificam como graves. O primeiro deles é a operação que, a pretexto de reduzir o custo da energia no presente, vai elevá-lo no futuro, avalia quem analisou os efeitos da proposta.

A lei de privatização da Eletrobras estabeleceu que a empresa privatizada terá de fazer repasses para fundos regionais (da Amazônia Legal, das bacias do São Francisco e Parnaíba e da área de influência de Furnas) e também para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), onde se concentram os subsídios e custos adicionais repartidos com os consumidores.

Em mais de uma ocasião, o ministro Silveira defendeu a importância de antecipar esses repasses.

A alternativa analisada pelo MME (Ministério da Minas e Energia), que estava em uma minuta da MP a que a Folha de S.Paulo teve acesso, faz a securitização desses pagamentos futuros com um grupo de bancos.

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Na prática, as instituições financeiras viabilizariam a antecipação dos valores a receber da Eletrobras, que seriam utilizados para amenizar a conta de luz de uma só vez no presente.

Com o dinheiro da operação seriam quitados dois empréstimos, o da Conta Covid, que socorreu as distribuidoras na pandemia, e o da Conta de Escassez Hídrica, que na seca de 2021 bancou energia mais cara das térmicas.

O governo espera redução de 3,5% na conta de luz com a antecipação de recursos. Ocorre que sobre essa operação vão recair taxas de administração e juros. Ou seja, na prática trata-se de uma operação de crédito, não de uma mudança estrutural.

Trará alívio momentâneo, mas criará custos adicionais que serão cobrados futuramente dos consumidores na mesma conta de luz.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil / Banda B

O segundo problema identificado é que a MP abriria caminho para a prorrogação por 36 meses de subsídios para a transmissão de energia renovável, que todos os especialistas apontam como desnecessários.

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Em mais de uma ocasião, congressistas incluíram essa prorrogação em projetos de lei em tramitação legislativa que tratavam de energia.

A inclusão desses jabutis, nome dado a esse tipo de estratégia no Congresso, foi identificada e mobilizou entidades de consumidores, que conseguiram deter a prorrogação.

Se o subsídio de fato for ressuscitado, desta vez pela caneta do próprio governo Lula, será recebido como uma ação contraditória ao discurso oficial de redução do preço de energia.

Existe a expectativa de que a MP também traga alternativas para deter o aumento de 44% na tarifa de energia do Amapá. O aumento foi suspenso pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) numa reunião polêmica.

O custo da energia tem sido especialmente alto para famílias e empresas que estão no chamado mercado regulado, no qual o consumidor é atendido pela distribuidora e não pode negociar o valor da energia, como ocorre no mercado livre, aberto apenas para alta tensão e empresas de maior porte.

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Acompanhamento tarifária realizado pela consultoria Volt Robotics mostra que, no ano passado, quem está no mercado cativo pagou, em média, via conta de luz, R$ 726 pelo MW/h (megawatt-hora).

Essa conta não considera os impostos, uma vez que o ICMS dos estados pode variar. No entanto, incluindo a tributação, apenas para dar uma dimensão do peso desse custo, o valor médio sobe para R$ 945 pelo MW/h.

Feitos todos os reajustes e abatimentos de 2023, o valor médio para quem é abastecido pelas distribuidoras, considerando todas as classes de consumo e níveis de tensão, terminou 2023 em R$ 666 pelo MWh, segundo dados da Aneel.

O mercado livre ainda foca a alta tensão e empresas maiores e tem regras bem diferentes, mas, para dar uma dimensão dos custos, os contratos de energia estão na casa de R$ 150 pelo MW/h.

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A pedido do Fase (Fórum das Associações do Setor Elétrico), que reúne 20 entidades de todos os segmentos do setor -geração, distribuição e transmissão-, a Volt realizou também um dos mais detalhados levantamentos sobre o avanço do custo da energia ao longo dos últimos anos.

Segundo o estudo, que foi detalhado pela Folha de S.Paulo quando divulgado, de 2013 a 2023, o preço da energia em si cresceu 9%, já descontada a inflação. Os encargos, no entanto, nome dado a subsídios para operação de empresas, como desconto no fio para projetos de energia renovável, e custos excepcionais, como a ajuda a distribuidoras durante a Covid, avançaram 326,5%. Passaram de R$ 32,8 bilhões para R$ 139 bilhões.

A visão geral do setor é que o governo precisa atuar nesses custos adicionais se realmente tem a intenção de deter o aumento na conta de luz.

Governo marca reunião com especialistas para baixar conta de luz, vista como vilã da popularidade foi publicado primeiro em Banda B.

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