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Governo perdeu 'momento mágico', avaliam economistas

Para analistas, presidente desgastou capital político com questões menores; deterioração em expectativa de crescimento pode ser revista

18 mai 2019 - 04h10
(atualizado às 08h48)

Diante das dificuldades de articulação política para a aprovação da reforma da Previdência e das constantes quedas nas projeções para o crescimento da economia brasileira neste ano, a avaliação geral de economistas ouvidos pelo Estado é de que o governo do presidente Jair Bolsonaro desgastou seu capital político com questões menores e que o crescimento de 2019 está praticamente perdido.

Paulo Guedes já admitiu trabalhar agora com um crescimento de 1,5%.
Paulo Guedes já admitiu trabalhar agora com um crescimento de 1,5%.
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado / Estadão Conteúdo

"O governo perdeu um momento tão raro quanto importante: na eleição, houve uma ruptura que gerou, na imensa maioria dos agentes econômicos, um volume de otimismo muito razoável", diz José Roberto Mendonça de Barros, cofundador da MB Associados. "Agora, a pauta pode até avançar - achamos que vai ser aprovada uma reforma mediana da Previdência e o Congresso quer fazer uma reforma tributária -, mas se perdeu esse 'momento mágico' e os agentes ficaram desanimados."

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A expectativa para crescimento do PIB, que começou o ano com alta de 2,53%, recuou pela 11ª semana consecutiva para 1,45%, de acordo com o Relatório Focus. O próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, que projetava crescimento de 2,2% para 2019, admitiu trabalhar agora com um avanço de 1,5%.

"Havia a expectativa de que uma grande reforma destravaria o País e ele voltaria a crescer de dois a três pontos por ano. Agora, o mercado deixou a Disneylândia para encontrar a realidade", diz Marcos Lisboa, presidente do Insper.

Para a maior parte dos economistas ouvidos, não há muito a se fazer no curto prazo para estimular a atividade de forma sustentável. O ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman diz que a única saída do governo para reativar a economia seria cortar juros. Mesmo assim, os efeitos seriam defasados. Instrumentos tradicionais de política monetária teriam eficácia pequena em função da perda de confiança, diz Zeina Latif, economista-chefe da XP.

Samuel Pessôa, pesquisador do Ibre/FGV, não vê alternativa sem mudanças nas regras de aposentadoria dos brasileiros. "Se o governo não quiser quebrar, a reforma da Previdência é a única saída para que o Brasil não caia em uma espiral inflacionária." José Marcio Camargo, professor da PUC/Rio e economista-chefe da Genial Investimentos, reforça a opinião.

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Aloisio Araujo, professor da FGV EPGE e do IMPA, aponta algumas medidas microeconômicas, como melhorias na lei de falências, no sistema tributário e na competitividade do mercado de energia. O professor da UnB, José Luis Oreiro, fala como alternativa para este ano a revisão da meta fiscal.

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