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Governo recua e Senado conclui votação da nova Previdência

Senadores aprovaram alteração proposta pelo PT, que garante aposentadoria especial por periculosidade; previsão de economia de R$ 800,3 bi

23 out 2019 - 13h44
(atualizado às 13h55)

Mesmo apontando para uma economia de R$ 800,3 bilhões em dez anos, o governo não conseguiu manter o texto da reforma da Previdência como queria durante sessão do Senado, nesta quarta-feira, 23. Na reta final da votação, os senadores aprovaram uma alteração proposta pelo PT que garante aposentadoria especial por periculosidade por 78 favoráveis, nenhum contrário e nenhuma abstenção. Com isso, a votação foi concluída e o texto segue para promulgação, o que deve acontecer em 10 dias. Na terça-feira, o texto principal da reforma foi aprovado em segundo turno por 60 votos a 19.

Davi Alcolumbre coordenou a sessão no plenário do Senado para votação dos destaques ao texto da Previdência.
Davi Alcolumbre coordenou a sessão no plenário do Senado para votação dos destaques ao texto da Previdência.
Foto: Pedro França/Agência Senado / Estadão Conteúdo

De acordo com o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, não há impacto fiscal com o destaque o PT e os R$ 800,3 bilhões estão garantidos. O custo que havia sido calculado com a alteração, de R$ 23,3 bilhões, está relacionado à judicialização do tema e não entrou na conta da redução dos gastos diretos com a reforma, argumentou. "Não há nenhuma redução da economia que foi proposta porque o que nós queríamos era evitar judicialização e esse custo (do destaque) não estava no nosso cálculo (de R$ 800 bilhões)", afirmou o secretário.

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Após uma série de tentativas de negociação, o governo concordou em apoiar o destaque e patrocinar um projeto de lei complementar para regulamentar a extensão da aposentadoria especial para categorias em atividades perigosas, como vigilantes armados. O relator da reforma no Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE), afirmou que o compromisso é aprovar o projeto "imediatamente".

O trecho retirado da reforma proibia expressamente aposentadoria especial para atividades enquadradas por periculosidade. O argumento do governo é que esse direito já não era garantido na Constituição, mas a vedação seria necessária para resolver a judicialização em torno do tema.

O secretário de Previdência afirmou que outras medidas contidas na mesma proposta de emenda à Constituição não foram incluídas no cálculo de R$ 800,3 bilhões, o que pode aumentar essa projeção. Um cálculo atualizado deve ser apresentado com a promulgação da medida. Ele ainda aposta em propostas paralelas, como a Medida Provisória Antifraude no INSS, para aumentar o ajuste para R$ 1 trilhão no período de uma década.

Negociações

Durante as negociações, o governo tentou fazer com que o PT recuasse da apresentação do destaque, já calculando que o texto seria alterado no plenário com a votação. A equipe econômica chegou a prometer a edição de uma medida provisória para regulamentar a aposentadoria por periculosidade, com efeitos imediatos, conforme o Estadão/Broadcast antecipou.

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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também tentou manter o texto, citando um estudo da consultoria do Senado que apontava não haver retira de direitos com a aprovação da reforma sem alterações.

Na esteira do acordo, a Rede Sustentabilidade retirou uma tentativa de aprovar um destaque que excluía a exigência de idade mínima para trabalhadores expostos a agentes nocivos. Essa modificação ameaçava uma economia de R$ 53,3 bilhões em dez anos.

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