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Governo Trump recua e descarta tarifa de 50% sobre aço e alumínio canadenses

Após tarifa canadense sobre exportação de energia, presidente dos EUA havia anunciado maior pressão sobre o Canadá, mas desistiu

11 mar 2025 - 12h24
(atualizado às 22h02)
Donald Trump assina uma ordem executiva sobre aço em fevereiro
Donald Trump assina uma ordem executiva sobre aço em fevereiro
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O governo dos Estados Unidos voltou atrás na decisão de dobrar as tarifas sobre aço e alumínio importados do Canadá.

A confirmação foi feita na tarde desta terça-feira (11/3) por dois membros do alto escalão da administração Trump: o conselheiro de comércio da Casa Branca, Peter Navarro, e o secretário de Comércio, Howard Lutnick.

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O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nas redes sociais que dobraria as tarifas previamente estabelecidas sobre as importações de aço e alumínio do Canadá, elevando os impostos para 50% no total.

Em mais um capítulo da crescente guerra comercial, Trump afirmou que a medida seria uma retaliação à tarifa de 25% imposta pela província de Ontário sobre a eletricidade exportada para os estados americanos de Michigan, Nova York e Minnesota.

Na postagem feita no Truth Social, Trump declarou: "Diante da tarifa de 25% imposta por Ontário, no Canadá, sobre a 'eletricidade' que entra nos Estados Unidos, instruí meu secretário de Comércio a adicionar MAIS 25% de tarifa".

Mas, em declaração a jornalistas do lado de fora da Casa Branca, o conselheiro de comércio da Casa Branca afirmou que a reversão ocorreu após o governador da província de Ontário, Doug Ford, recuar da sobretaxa de 25% sobre exportações de eletricidade

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"Eu acho que ele [Doug Ford] entendeu que isso não se tornaria uma briga", declarou Navarro. "Tenho encorajado nossos amigos no Canadá a moderar a retórica."

Apesar da suspensão do aumento, os EUA manterão as tarifas originais de 25% sobre aço e alumínio canadenses, previstas para entrar em vigor nesta quarta-feira (12), segundo confirmou também o secretário Howard Lutnick à rede CBS News, parceira da BBC nos Estados Unidos.

Na segunda-feira (10/3), o governador de Ontário, Doug Ford, anunciou uma sobretaxa de 25% sobre a eletricidade enviada aos EUA. Cerca de 1,5 milhão de residências e empresas americanas seriam afetadas.

"As tarifas do presidente Trump são um desastre para a economia dos EUA. Estão encarecendo a vida das famílias e das empresas americanas", afirmou Ford em um comunicado.

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Nesta terça, após a declaração de Trump, o governador de Ontário afirmou que responderia "à altura" às tarifas de 50% anunciadas por Trump.

No entanto, após uma ligação com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, ele anunciou o recuo temporário da tarifa sobre as exportações de eletricidade.

Segundo Ford, o governo americano solicitou uma reunião com autoridades canadenses em Washington, D.C nos próximos dias.

Ele ressaltou que impor tarifas sobre eletricidade continua sendo uma ferramenta disponível para Ontário, mas afirmou estar ansioso para dialogar com os representantes do governo americano.

Tarifa sobre carros pode ser próxima briga

Trump também ameaçou que, caso outras tarifas — incluindo sobre produtos agrícolas — não sejam suspensas, ele aumentaria os impostos sobre o setor automotivo, "o que, essencialmente, encerraria permanentemente a indústria automobilística no Canadá".

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O republicano ainda afirmou que o Canadá é dependente dos Estados Unidos, repetindo apelos para transformar o país vizinho no "51º Estado americano".

O presidente americano escreveu nas redes sociais: "Se outras tarifas antigas e abusivas não forem igualmente eliminadas pelo Canadá, aumentarei substancialmente, em 2 de abril, as tarifas sobre carros importados para os EUA — o que, essencialmente, encerrará de forma permanente a indústria".

Em entrevista à Fox News no domingo, Trump foi questionado sobre a possibilidade de os Estados Unidos entrarem em recessão. Ele respondeu que a maior economia do mundo estava passando por um "período de transição".

Ao ser questionado sobre a possibilidade da guerra comercial provocar inflação nos EUA, Trump disse: "Você pode acabar tendo isso. Enquanto isso, adivinhe? As taxas de juros estão caindo."

As declarações desencadearam uma forte onda de vendas no mercado de ações americano na segunda-feira. O índice S&P 500, que acompanha as maiores empresas dos EUA, caiu cerca de 2,7% — seu pior desempenho do ano.

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O índice Nasdaq, fortemente composto por empresas de tecnologia, teve queda ainda maior, de aproximadamente 4%. A Tesla, de Elon Musk, foi duramente atingida, com queda de 15,4%.

Por que Trump está usando tarifas?

Trump anunciou novas taxas sobre importações do México e do Canadá, mas quase imediatamente anunciou uma isenção para montadoras de automóveis. Depois, expandiu essa isenção para outros produtos e, até o início do abril, a produtos mexicanos.

Ele também implementou uma tarifa de 20% sobre produtos chineses e anunciou tarifas sobre todas as importações de aço e alumínio.

Canadá e China retaliaram com suas próprias tarifas contra produtos americanos, gerando temores de uma guerra comercial global.

Tarifas são impostos cobrados sobre produtos importados de outros países. As empresas que trazem os produtos estrangeiros para o país pagam o imposto ao governo.

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Geralmente, as tarifas são uma porcentagem do valor do produto. Uma tarifa de 20% sobre produtos chineses significa que um item avaliado em US$10 (R$49, pelo câmbio atual) terá um custo adicional de US$2, encarecendo o item importado prejudicando a competitividade daquele produto no cobiçado mercado americano.

As empresas podem optar por repassar parte ou todo o custo das tarifas aos consumidores.

Historicamente, os EUA cobraram tarifas mais baixas sobre bens do que outros países.

Agora, elas são parte central da estratégia econômica de Donald Trump. Ele argumenta que essas medidas fortalecem a indústria norte-americana, protegem empregos, aumentam a arrecadação de impostos e impulsionam o crescimento da economia.

Em 2024, produtos da China, México e Canadá representaram mais de 40% das importações dos EUA.

No entanto, Trump acusa os três países de não fazerem o suficiente para conter o fluxo de migrantes e drogas ilegais — como o fentanil — para os Estados Unidos.

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Os três países rejeitam as acusações.

O fentanil está associado a dezenas de milhares de mortes por overdose nos EUA todos os anos.

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