O ministro da Economia, Paulo Guedes, vai defender junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) uma nova alocação ampla dos direitos especiais de saque, a moeda do Fundo, de forma a alavancar a liquidez global em meio às restrições geradas pelo impacto econômico da crise do coronavírus.
Em discurso preparado para reunião que acontece na quinta-feira no âmbito do encontro de primavera do FMI e do Banco Mundial, realizada em formato virtual, Guedes afirma que ainda há espaço para uma coordenação internacional adicional de políticas de enfrentamento à crise, especialmente para atender às necessidades dos países com baixo nível de reservas internacionais.
O ministro lembra que países emergentes e em desenvolvimento estão enfrentando saídas de capital sem precedentes, uma queda repentina da demanda externa e um recuo "dramático" dos preços das commodities.
Ele elogia as ações do FMI em meio à crise, particularmente as respostas a pedidos de assistência emergencial de mais de 100 membros. "É agora crucial assegurar que os novos recursos sejam efetivamente adicionais à assistência regular do Fundo", defende Guedes, sugerindo também que a nova alocação dos direitos especiais de saque seria muito útil.
"Esse é um mecanismo de baixo custo e baixo risco que já foi testado em períodos de crise. Ele melhora o fluxo de liquidez e é particularmente útil para economias médias e pequenas, que não têm reservas internacionais suficientes ou acesso a linhas de swap", diz o discurso, ao qual a Reuters teve acesso.
Em meio à necessidade de medidas de contenção imposta pela pandemia, que podem incluir o fechamento de fronteiras, é importante que o mundo evite medidas protecionistas, afirma o ministro.
No caso do Brasil, ele diz que o pacote de políticas para combater a crise chega próximo a 10% do PIB, com provisões de liquidez equivalentes a cerca de 17% do PIB e medidas que apoiarão uma expansão de crédito de 16% do PIB. "O país adotou passos realmente extraordinários para combater a pandemia, assegurar o bom funcionamento do sistema financeiro e a oferta do crédito, assim como renda, empregos e negócios. Nenhum cidadão brasileiro será deixado para trás", afirma.