O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, afirmou nesta sexta-feira que o cumprimento da meta contínua de inflação pela autarquia é "plenamente factível" e evitou comparar o cenário atual com o passado, quando o objetivo era diferente.
Durante o evento JHSF Capital Day, em São Paulo, Guillen foi questionado sobre o fato de o IPCA -- o índice oficial de inflação -- ter ficado em 3% ou abaixo disso em poucos momentos da história, o que em tese demonstraria uma dificuldade para o atingimento da atual meta contínua.
Em resposta, Guillen pontuou que as condições no passado eram diferentes.
"No passado, a meta também era diferente, a meta não era de 3%. Então, as expectativas estavam em outro nível, porque a meta estava em outro nível", afirmou Guillen, acrescentando que o atingimento da meta de inflação de 3% é "plenamente factível".
Em suas comunicações mais recentes, o BC tem deixado claro que mira no centro da meta de inflação, de 3%, e que está disposto a fazer o necessário na política monetária para atingir este objetivo. Na semana passada, o BC elevou a taxa básica Selic em 25 pontos-base, para 10,75% ao ano, alertando para os riscos inflacionários.
Por outro lado, desde que a meta contínua de 3% foi oficializada, por meio de decreto, alguns agentes do mercado e economistas têm questionado se o Brasil, que possui um histórico de inflação elevada, deveria estabelecer um objetivo tão estrito, de apenas 3%.
Em sua fala, Guillen defendeu que o decreto "sepultou" qualquer dúvida sobre a meta de inflação, ao fixá-la em 3% "para sempre".
CÂMBIO
Durante o evento, Guillen também foi questionado sobre o cenário para o câmbio no Brasil -- um dos fatores de atenção do BC para o estabelecimento de sua política monetária.
Segundo ele, o Brasil teve um aumento no déficit de contas externas, mas o Investimento Direto no País (IDP) tem sustentado este rombo. "As contas externas estão em situação confortável", limitou-se a dizer.
No Relatório de Inflação divulgado na quinta-feira, o BC projetou déficit de 60 bilhões de dólares para as contas externas brasileiras em 2025, com IDP de 70 bilhões de dólares.