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Há 10 anos, Apple reinventava o telefone - e mudava o mundo

O que hoje parece normal foi uma revolução há uma década, mas iPhone já não vende como antes

9 jan 2017 - 12h32
(atualizado às 12h47)
Steve Jobs anuncia o primeiro iPhone em janeiro de 2007
Steve Jobs anuncia o primeiro iPhone em janeiro de 2007
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com

Em 9 de janeiro de 2007, Steve Jobs transformou - como de costume - o palco do Moscone Center, em São Francisco, num cenário de suspense. Diante do público, ele falou repetidamente de "três novos produtos" que queria apresentar. Mas logo ficou claro aos visitantes da conferência Macworld que ali se estava falando de uma única novidade da Apple - o iPhone.

"O iPhone foi o primeiro smartphone. Ou seja, o primeiro telefone celular com um grande display, com o qual se podia navegar pela web, telefonar ou escutar música", diz Stephan Ehrmann, editor-chefe da revista especializada Mac & i.

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O que hoje aparenta ser algo perfeitamente normal foi uma revolução dez anos atrás. Antes do iPhone, existiam somente celulares grandes, feios e de difícil manuseio. Eles tinham apenas um pequeno display monocromático, um teclado gigante e de difícil acesso à internet.

O iPhone, por sua vez, estava equipado com apenas uma única tecla. Quando se precisava de um teclado inteiro, fazia-se com que ele fosse visualizado na tela - algo que hoje toda criança sabe.

"Estamos reinventando o telefone", celebrou Steve Jobs durante a apresentação, há uma década. Mas, na verdade, o dispositivo ia muito mais além, ou seja, era praticamente um computador móvel, utilizável de forma conveniente em quase todo lugar.

Marcha triunfal

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No Brasil, o número de smartphones ultrapassou os 168 milhões segundo dados de abril do ano passado. Na Alemanha, dois terços da população e praticamente todos os jovens entre 14 e 29 anos possuem um desses aparelhos.

Segundo estudo do Instituto Alemão para Confiança e Segurança na Internet (Divsi), da Alemanha, 1,2 milhão de crianças entre três e oito anos estão regularmente online. Ou seja: aqueles que ainda não sabem ler nem escrever, pressionam os dedos sobre os ícones de determinados aplicativos.

Para o mundo dos negócios, o novo dispositivo "foi literalmente uma revolução", afirma Tobias Kollmann, professor de negócios eletrônicos na Universidade de Duisburg-Essen. O iPhone, lembra, possibilitou que a internet chegasse a quase qualquer bolso, fazendo com que todo usuário pudesse ser acessível também para as empresas.

"A marcha triunfal junto aos respectivos aplicativos também mostrou claramente que os clientes gostam de realizar transações comerciais através desses dispositivos móveis", completa Kollmann.

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Mas foi particularmente o setor de viagens, segundo o especialista, que se modificou através do iPhone. "Por meio dos chamados serviços baseados em localização, ficou possível constatar onde se encontra o usuário e lhe indicar, por exemplo, ofertas de hotéis em seu redor", aponta.

Revolução no mercado

O próprio comércio com smartphones já é um grande negócio. Em termos puramente numéricos, ele é dominado (80% do mercado) por celulares que - como os da gigante sul-coreana Samsung - funcionam com o sistema operacional da Android, da Google.

Mas os maiores ganhos ainda recaem sobre a Apple com seus iPhones, pois suas margens de lucro ainda são bem maiores que as da concorrência. Passados dez anos de seu lançamento, já foram vendidos mais de um bilhão de iPhones de diferentes gerações.

"O iPhone é a galinha dos ovos de ouro da Apple, de longe o produto mais bem-sucedido", diz o editor-chefe da Mac & i, Stephan Ehrmann.

"Ele injeta enormes ganhos nos caixas da companhia e transformou a Apple na empresa mais valiosa do mundo. Tudo em volta se adaptou ao iPhone - não somente todo o mercado ao redor da Apple, mas também a própria Apple", completa.

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Novas frentes

Os especialistas descrevem, além do enorme sucesso da empresa, também o seu maior problema. O alicerce da gigante de tecnologia está balançando, a atual versão do iPhone não atingiu o número esperado de vendas.

"A Apple já reduziu a produção do iPhone 7", explica Erhmann. "Eles sabem perfeitamente que o faturamento diminuiu e não querem produzir quantidades em excesso que darão prejuízo no final."

Produtos como o iPad, a Apple TV e o relógio da Apple passaram a vender tanto quanto o iPhone. Mas como os sucessores de Steve Jobs, morto em 2011, pretendem garantir a sobrevivência da empresa a longo prazo?

"O que já está encaminhado, o que está realmente no estágio de um segredo, mesmo que aberto, e que se pode esperar é o iCar - o carro elétrico de condução automatizada da Apple que deverá chegar ao mercado nos próximos anos", explica Ehrmann.

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