O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira que houve uma reação exagerada do mercado com a alta recente do dólar e acrescentou que espera uma acomodação do nível do câmbio.
Em entrevista à GloboNews, ele argumentou que o cenário internacional, com expectativas que não se confirmaram de cortes de juros nos Estados Unidos, gerou uma valorização global da moeda norte-americana.
"Hoje o dólar está valorizado no mundo inteiro, e nós vamos sentir os efeitos disso aqui no Brasil, embora eu considere que tenha havido um exagero (do mercado) em relação à perspectiva da economia brasileira, para pior", disse.
A moeda brasileira passou por forte depreciação no fim do ano passado, com questionamentos sobre a responsabilidade fiscal do governo e a sustentabilidade da dívida pública, e em meio a uma forte saída de dólares do país que levou o Banco Central a intervir no câmbio.
O movimento no mercado doméstico também refletiu uma valorização global do dólar, diante da expectativa de que a política econômica de Donald Trump possa ter efeito inflacionário, justificando um juro mais elevado nos EUA.
Na entrevista, o ministro ainda afirmou que não julgará decisões de juros do Banco Central, ressaltando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca interferiu na atuação da autarquia.
Ele acrescentou que conversava tecnicamente com o ex-presidente do BC Roberto Campos Neto e fará o mesmo com o novo chefe da autoridade monetária, Gabriel Galípolo.
"Isso não significa dizer que vamos concordar sempre sobre o diagnóstico e sobre o que fazer, mas cada um está no seu papel", afirmou.
A taxa básica de juros está atualmente em 12,25% ao ano, com o Banco Central já tendo afirmado que prevê mais duas elevações de um ponto percentual na Selic à frente.