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Haddad fica na defensiva em 1º discurso, repete mais do mesmo e não convence mercado; leia análise

Ministro defende política econômica sem 'remendos' nem 'bala de prata' e repete que enviará uma nova regra para substituir o teto de gastos no primeiro semestre

2 jan 2023 - 14h09
(atualizado às 18h00)
Fernando Haddad toma posse como ministro da Fazenda do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva
Fernando Haddad toma posse como ministro da Fazenda do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva
Foto: Wilton Junior /Estadão / Estadão

BRASÍLIA - Fernando Haddad fez um discurso de posse na defensiva. Passou os quase 30 minutos da sua primeira fala já no cargo de ministro da Fazenda buscando palavras que reforçassem a percepção de retomada da confiança de o governo Lula enfrentar o rombo das contas públicas e ao mesmo tempo dar respostas para garantir um crescimento do País mais inclusivo.

Disse que não haverá aventuras e nem fará nada "opaco" no ministério. Prometeu uma política econômica "sem remendos", "malabarismos financeiros", nem "bala de prata". E mais uma vez falou que, nas próximas semanas, anunciará um plano de medidas de ajuste fiscal para reverter o resultado negativo das contas do governo. O ministro até mesmo deu um nome para as medidas: Plano de Sustentabilidade Social, Ambiental e Econômica. A promessa anterior era que plano sairia nos primeiros dias do ano.

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Haddad mais uma vez prometeu enviar no primeiro semestre uma nova âncora fiscal, mas até hoje não foi capaz de fazer uma defesa pública de uma regra de controle de gastos (o que já fez nos bastidores) para substituir o "estupido" teto de gastos nas palavras de Lula.

No discurso de hoje, seguiu dizendo tão somente que a regra será confiável e demonstrará sustentabilidade das finanças públicas. O discurso é sinal de que está se importando com as críticas. Mesmo assim, não convenceu e as desconfianças seguem.

O roteiro do discurso estava pronto - era bem mais curto do que foi -, mas o ministro foi introduzido falas adicionais como repostas às críticas que o governo vêm recebendo em áreas específicas, principalmente depois do pronunciamento do presidente Lula na cerimônia de posse, que apontou uma política econômica de maior intervencionismo. "Não somos dogmáticos, somos pragmáticos", respondeu aos críticos num momento em que parecer derrotado pelo grupo político na disputa pela prorrogação da desoneração dos combustíveis.

Falta ainda a Haddad ainda dizer como. O ministro continua usando frases de efeito sobre responsabilidade fiscal e ajuste robusto para cobrir o rombo, boas para manchetes dos jornais, mas que diante da ausência de detalhamentos, acabam caindo num vazio perigoso.

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A fala de um ministro da Fazenda é o seu maior trunfo para mudar expectativas a favor do governo. E Haddad está gastando capital político e econômico com a repetição do discurso de mais do mesmo. Por isso, faltou entusiasmos dos convidados na saída da cerimônia após o seu discurso.

Se antes da vitória nas eleições, Lula e equipe eram cobrados por apresentar detalhes sobre a sua política, passados dois meses as cobranças só aumentam. O ministro vai precisar bem mais do que isso para ganhar confiança no seu trabalho. O dia chegou. O governo já e o de Lula e não há mais desculpas. Quais são de fato os planos? A fase da retórica acabou.

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