As mulheres aumentaram sua presença no mercado de trabalho brasileiro, estão com melhores condições de trabalho, mas ainda em condições de desigualdade em relação aos homens no que refere a formalização do emprego e rendimento. Há desigualdade também quando se comparam mulheres brancas com as que se declaram pretas ou pardas, de acordo com o estudo de Estatísticas Gênero do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), baseado no Censo de 2010.
Entre 2000 e 2010 as mulheres aumentaram sua participação no mercado de trabalho em 4,5% contra o decréscimo dos homens de 4%. O estudo mostra que homens jovens estão com mais dificuldade de se inserirem no mercado de trabalho, enquanto grupos acima de 50 anos têm aumentado sua participação. Entre as mulheres jovens houve sim crescimento da participação no mercado de trabalho, mas as crises econômicas acabam por dificultar o acesso dos mais jovens ao mercado de trabalho.
A região Nordeste é onde a mulher tem baixa presença no mercado de trabalho, com participação de 48,2% contra 60,8% das mulheres da região Sul, por exemplo.
O estudo mostra que as mulheres têm cada vez mais acesso ao emprego formal com todos os direitos assegurados, como férias, 13º salário, licença-maternidade e licença por doença. No que diz respeito à formalização dos trabalhadores, houve crescimento entre mulheres e homens jovens e de cor preta ou parda certamente corrigindo desigualdades históricas. Afinal, apesar do aumento, as taxas seguem ainda inferiores aos de jovens brancos.
Apesar de a formalização ter beneficiado as mulheres no que se refere à carteira de trabalho assinada, ainda não foi possível reduzir a diferença em relação aos homens. Houve queda de 3% no número de trabalhadores domésticas sem carteira assinada (quase sempre pretas e pardas), e também no número de trabalhadores domésticas com carteira de trabalho. Esse número no futuro deve sofrer variação, já que agora a lei iguala o direito das domésticas com outras trabalhadoras. Quando o estudo foi feito, em 2010, essa lei ainda não estava em vigor.
Rendimento
Apesar de mais inserida no mercado de trabalho, ainda é grande o número de mulheres que trabalham sem receber nada. São as que cuidam da casa, ou que cuidam dos filhos e não tem nenhum tipo de remuneração. No Brasil esse número chega a 30,4%. Nas áreas rurais da região Norte essa porcentagem chega a quase metade das mulheres: 45,1%. Em áreas do Nordeste e do Norte as altas taxas de mulheres jovens sem rendimento pode-se explicar ou por ainda estarem em formação educacional ou pela maternidade, que por consequência as tira da escola.
Mas houve, entre a população idosa, redução do número de mulheres sem rendimentos: 28,7% para 15,5%. Isso se deve a políticas previdenciárias e de assistência social do governo, como o Bolsa Família, por exemplo. No ano 2000, 19,8% das pessoas tinham renda de até 1 salário mínimo e esse número cresceu para 28% em 2010. Vale ressaltar que pessoas acima dos 60 anos são as que mais se enquadram nesses números.
Mas a valorização do salário mínimo e o aumento da proteção social contribuíram para que o rendimento médio das mulheres fosse maior no período. Apesar disso, pouco mudou na desigualdade de rendimento entre mulheres e homens no período. Enquanto os homens recebiam em média R$ 1.587, as mulheres ganhavam R$ 1.074, também em média. No Nordeste o salário da mulher chega a ser 47% inferior ao da mulher na região Sudeste.
Quando falamos de mulheres pretas ou pardas, estas recebiam em média 35% do que recebiam homens brancos. Mulheres brancas recebiam 52% a mais, em média, do que as mulheres pretas ou pardas. Já mulheres brancas recebem em média 67% do salário dos homens brancos.