O desemprego brasileiro subiu pelo terceiro mês consecutivo e chegou a 6,2% em março, maior nível em três anos, com a queda mensal da renda mais forte em pouco mais de 12 anos diante do recorrente crescimento da procura por trabalho e demissões.
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O resultado da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters, de 6,15%.
A taxa de desemprego do mês passado iguala a que foi registrada em março de 2012, e mostra maior esgotamento do mercado de trabalho após alcançar 5,9% em fevereiro e 5,3% em janeiro. Em março do ano passado, a taxa havia sido de 5%.
O IBGE informou também que a renda média real caiu a R$ 2.134,60 em março, perda de 2,8% ante fevereiro, maior desde janeiro de 2003 (-4,3%). Em relação a um ano antes, a queda foi de 3%, a maior desde fevereiro de 2004 (-4,8%).
"Tem efeito da inflação e da conjuntura econômica. A renda pode ser um fator importante para fazer as pessoas buscarem mais trabalho. Quem não buscava trabalho decide voltar a trabalhar", destacou a gerente do IBGE Maria Lucia Vieira.
O cenário de maior procura por trabalho e menor criação de vagas ou demissões vem se repetindo desde o início do ano, em consonância com a deterioração da economia do País, refletindo as perspectivas de contração da atividade, em meio ao aperto monetário, esforços de ajuste fiscal e inflação alta.
Em março, segundo a PME, a população desocupada, que são as pessoas sem trabalhar mas à procura de uma oportunidade, subiu 5,3% na comparação mensal e avançou 23,1% sobre o ano anterior, chegando a 1,494 milhão de pessoas.
Demissões
Já o corte de vagas no período ficou evidente na redução da população ocupada de 0,2% ante fevereiro e na queda de 0,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando a 22,727 milhões de pessoas.
Somente o comércio, setor que nos últimos meses também passou a sofrer com a fraqueza econômica, registrou queda de 1,9% no número de vagas na comparação com fevereiro, ou 83 mil vagas a menos. Mas ainda teve saldo positivo, de 24 mil postos, na base anual.
Já a indústria, que padece há tempos com as dificuldades enfrentadas pelo País, embora tenha mostrado alta de 0,6% no número de vagas na comparação mensal, teve perda de 6,3% em comparação com março do ano passado, o que significa corte de 232 mil postos de trabalho.
"A queda na ocupação, embora ocorra há quatro meses, está menor, e a desocupação perdeu força. Isso indica que a podemos ter uma taxa em abril obedecendo à tendência histórica, ou seja, mais baixa", disse Maria Lucia, do IBGE, dizendo que o começo do ano é caracterizado pela dispensa de temporários.
Os números do IBGE vão de encontro aos dados do Ministério do Trabalho, que haviam mostrado um alívio no mercado de trabalho em março com a abertura de 19.282 vagas formais, interrompendo três meses seguidos de declínio.
No trimestre encerrado em fevereiro, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que tem abrangência nacional e cujo objetivo é substituir a PME, a taxa de desemprego do país havia subido a 7,4%.
"Nossa expectativa é de que o mercado de trabalho se deteriore mais. Do lado positivo, o enfraquecimento deve ajudar a finalmente trazer para baixo a curva da inflação de serviços", destacou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, que projeta taxa de 7% no final do ano.