O principal índice da bolsa brasileira recuava nesta sexta-feira, diante de humor negativo no cenário externo, após uma ofensiva russa contra a maior usina nuclear da Europa, localizada na Ucrânia, levar a um incêndio em um centro de treinamento na unidade, posteriormente controlado.
A tensão com o conflito na Ucrânia contrapunha dados de emprego nos Estados Unidos e de atividade econômica no Brasil acima das expectativas.
Às 11h59, o Ibovespa recuava 1,04%, a 113.972,30 pontos. O volume financeiro era de 8 bilhões de reais.
Na semana, que teve menos dias de negociação por causa do Carnaval, o índice caminhava para ganhos de 0,7%, o segundo avanço consecutivo.
O setor financeiro era a principal contribuição para baixa do índice, enquanto Weg, Suzano e Klabin avançavam do outro lado.
Um incêndio em um prédio de treinamento na usina nuclear de Zaporizhzhia deixou o mercado em alerta no início desta sexta-feira. As informações oficiais, entretanto, dão conta que não havia mais conflito no local, que foi tomado pelas tropas da Rússia, e o incêndio havia sido apagado, com a radiação em nível normal.
O Ibovespa abriu levemente no negativo com as preocupações geopolíticas e chegou a reduzir as perdas acompanhando os futuros de ações em Wall Street, após a criação de vagas de trabalho no setor privado não-agrícola norte-americano em fevereiro superar em muito as estimativas do mercado, ainda que com leve revisão para cima nos dados de janeiro. A taxa de desemprego caiu a 3,8%, também melhor do que o esperado.
Porém o índice local voltou à trajetória de queda na sequência, renovando mínimas da sessão. Em Nova York, as principais praças acionárias também abriram no negativo.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou expansão de 0,5% no PIB do Brasil no quarto trimestre de 2021 ante o período de julho a setembro, acima da projeção de analistas de alta de 0,1%, segundo pesquisa da Reuters. Em 2021, o PIB cresceu 4,6%, maior taxa desde 2010, diante de baixa base de comparação.
DESTAQUES
- ITAÚ UNIBANCO PN caía 2,8%, BRADESCO PN tinha queda de 3%, BANCO DO BRASIL ON perdia 2,8% e SANTANDER BRASIL UNIT desvalorizava-se 2,5%. O setor financeiro teve boa performance na véspera.
- PETROBRAS PN subia 0,3% e ON perdia 0,3%. O preço do petróleo avançava com temores de uma disrupção nas exportações pela Rússia, após sanções do Ocidente ao país. PETRORIO ON caía 0,6%, enquanto 3R PETROLEUM ON subia 0,9%.
- VALE ON subia 0,2%, quinta sessão seguida de alta, na esteira de novo avanço dos contratos do minério de ferro na China, onde eles acumularam maior ganho semanal em mais de dois anos, com acréscimo de quase 20%.
- JHSF ON recuava 4,1%, CYRELA ON cedia 3,1%, MRV ON desvalorizava-se 2,7% e EZTEC ON tinha queda de 2,5%. Juros futuros, aos quais os papéis do setor imobiliário são bem sensíveis, tinham nova alta nesta sexta-feira, após cotações dos contratos apontarem nos últimos dias para elevação nas projeções de Selic no final do ciclo de alta.
- IRB BRASIL ON caía 3,1%, após duas sessões de alta e à medida que analistas do Credit Suisse cortaram o preço-alvo para a ação de 5 reais para 3,35 reais, refletindo resultados do quarto trimestre divulgados pela companhia na semana passada. O banco tem recomendação "underperform" para o papel.
- AES BRASIL ON, que não está no Ibovespa, caía 3,6%, após divulgar prejuízo líquido de 34,8 milhões de reais no quarto trimestre de 2021, contra um resultado positivo de 602 milhões de reais um ano antes, dado o impacto da situação hidrológica adversa e de outros efeitos não recorrentes. Para o período 2022-2026, a geradora de energia renovável projeta investimentos de 3,8 bilhões de reais.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)