O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira, pressionado por preocupações com o cenário fiscal no país, com um pacote de cortes de gastos prometido pelo governo federal há semanas prestes a ser divulgado pela equipe econômica.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,73%, a 127.668,61 pontos, na mínima do pregão, com os negócios também refletindo alguma cautela em razão de feriado nos Estados Unidos na quinta-feira.
O volume financeiro somou 26,4 bilhões de reais.
Nos primeiros negócios, o Ibovespa chegou a 130.282,83 pontos, na máxima da sessão, apoiado pelo avanço de Vale em dia de alta do minério de ferro no exterior.
Ainda no final da manhã, contudo, passou a flertar com o território negativo, em meio a uma abertura mais fraca em Wall Street e um certo cansaço de agentes financeiros em relação à demora para anúncio do pacote fiscal sinalizado para esta semana.
O humor azedou após notícias de que as medidas de cortes de gastos seriam acompanhadas de uma isenção de Imposto de Renda para pessoas que ganham salário de até 5 mil reais por mês.
Questionado por jornalistas, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, também afirmou que o pacote, incluirá a taxação de super-ricos e será "completamente diferente" do que vinha sendo ventilado.
A expectativa é de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anuncie as medidas em um pronunciamento em cadeia de rádio e tevê às 20h30.
"O dia que deveria ser marcado pelo esperado pacote de contenção de despesas, poderá contar também com um aumento considerável nos gastos do governo", afirmou a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.
"Na dúvida sobre se o anúncio será conjunto ou não, e sobre se o financiamento da isenção do IR será outro além do pacote de gastos, o mercado, claro, se posicionou de forma bastante defensiva", acrescentou em nota a clientes.
O dólar saltou ante o real nesta quarta-feira e atingiu a maior cotação de fechamento da história, cotado a 5,9141 reais, enquanto as taxas dos contratos de DI dispararam.
No exterior, Wall Street encerrou com os principais índices acionários no vermelho antes do Dia de Ação de Graças, que fechará o mercado acionário norte-americano na quinta-feira e encurtará o pregão da sexta-feira.
A sessão ainda teve relatório de estrategistas do JPMorgan cortando a recomendação para as ações brasileiras para "neutra" ante "overweight", citando perspectiva de crescimento mais lento na China e de novas altas na taxa Selic, entre outros fatores.
DESTAQUES
- MAGAZINE LUIZA ON desabou 9,4%, em sessão de ajustes, após três altas seguidas, quando contabilizou um ganho de 16,4%. O movimento teve endosso do forte avanço das taxas dos contratos de DI em razão do noticiário fiscal, que pesou no setor, com o índice de consumo na B3 perdendo 2,92%.
- LWSA ON fechou em baixa de 9,13%, tendo com pano de fundo relatório do Citi cortando a recomendação da ação de "compra/alto risco" para "neutra/alto risco", enquanto preço-alvo do papel caiu de 6,9 para 4,9 reais. TOTVS ON, que também sofreu um "downgrade", caía 1,25%.
- CYRELA ON recuou 6,77%, também devolvendo parte de ganhos recentes -- em três sessões até a terça-feira acumulou uma alta de 5,7% -- em dia mais negativo para construtoras, também na esteira do movimento da curva futura de juros, com o índice do setor imobiliário na B3 perdendo 4,72%.
- NATURA&CO ON avançou 3,06%, ganhando fôlego à tarde após anunciar durante o pregão que chegou a um acordo, em princípio, com credores quirografários da Avon Products e suas afiliadas devedoras, no âmbito do processo de recuperação judicial da empresa nos Estados Unidos.
- VALE ON subiu 1,22%, apoiada na alta dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou as negociações do dia com alta de 1,08%, a 792,0 iuans (109,19 dólares) a tonelada.
- PETROBRAS PN recuou 0,36%, em dia de variações modestas do preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent, usado como referência pela estatal, fechou praticamente estável.
- ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 2,45%, também minado pela piora na percepção sobre a cena fiscal no país. No setor, BANCO DO BRASIL ON caiu 1,75%, BRADESCO PN recuou 2,7% e SANTANDER BRASIL UNIT cedeu 3,35%.