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Ibovespa fecha em queda e começa dezembro sem catalisadores para rali de fim de ano

2 dez 2024 - 18h07
(atualizado às 18h56)

O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira, sem catalisadores positivos para as ações brasileiras no curto prazo no radar de investidores, que permanecem pessimistas sobre a situação fiscal no país e enxergam um ambiente menos favorável a mercados emergentes após a eleição norte-americana.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,34%, a 125.235,54 pontos, com Vale e Ambev oferecendo algum contrapeso. Durante a sessão, marcou 124.733,89 pontos na mínima e 125.901,06 pontos na máxima.

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O volume financeiro no pregão somou 24,6 bilhões de reais.

No ano, o Ibovespa acumula um declínio de 6,35%, que se mantido durante dezembro reverterá a tendência apurada nos dois anos anteriores -- +22,28% em 2023 e +4,69% em 2022.

Estrategistas do BTG Pactual decidiram tornar o portfólio de ações recomendado para dezembro "muito mais defensivo", adicionando ações com um fluxo de caixa de curta duração, pagadoras de altos dividendos e empresas que ganham com um dólar mais forte, conforme relatório enviado a clientes.

"A situação fiscal do Brasil vem se deteriorando rapidamente e, a esta altura, parece claro que, sem mudanças mais robustas no orçamento, a estrutura fiscal existente é insustentável e a trajetória da dívida é explosiva", destacaram Carlos Sequeira e equipe no documento enviado nesta segunda-feira.

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Eles também chamaram a atenção para as expectativas de inflação elevada no país, ressaltando que as taxas de curto prazo devem subir muito mais, enquanto, no exterior, a dominância republicana nas eleições confirmou um cenário que aponta para taxas de juros de logo prazo mais altas.

"Sem dúvida, o aumento das taxas de juros de longo prazo nos EUA é parcialmente responsável pelo aumento das taxas reais de longo prazo do Brasil e pela queda das ações", acrescentaram.

Em relação ao cenário dos Estados Unidos, os analistas Victor Natal e Mathias Dabdab, do Itaú BBA, também acrescentaram que uma agenda mais protecionista, com tarifas de importação mais altas, pode resultar em uma desaceleração da economia global e colocar pressão inflacionária nos EUA.

"Menos crescimento global deve impactar negativamente países exportadores, como o Brasil, e uma inflação mais persistente pode levar a um cenário de menos cortes de juros por lá - o que, por sua vez, pode pressionar as taxas de juros por aqui também", ressaltaram em relatório enviado a clientes.

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Na visão de Natal e Dabdab, o desfecho das eleições nos EUA, que trouxe um cenário menos favorável para países emergentes, e o pacote fiscal, que foi mal recebido pela maior parte dos investidores, afastaram a esperança de um rali de fim de ano.

Dezembro também começou com a primeira prévia da carteira do Ibovespa que irá vigorar a partir do dia 6 de janeiro, que registrou a entrada das ações da Marcopolo e a saída dos papéis da Alpargatas e da Eztec. Outras duas prévias serão divulgadas antes da versão final.

DESTAQUES

- ITAÚ UNIBANCO PN fechou negociada em baixa de 1,43%, em dia negativo para todos os bancos do Ibovespa, com BRADESCO PN caindo 2,14%, enquanto BANCO DO BRASIL ON recuou 0,81% e SANTANDER BRASIL UNIT encerrou com declínio de 0,92%.

- PETROBRAS PN valorizou-se 0,64%, mesmo com o enfraquecimento do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou praticamente estável. A estatal anunciou um aumento de cerca de 3% no preço médio do querosene de aviação (QAV) que será vendido a distribuidoras em dezembro, em praças como Guarulhos (SP), Betim (MG) e Duque de Caxias (RJ).

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- VALE ON encerrou com acréscimo de 0,24%, após subir mais de 2% no último pregão. Na China, o contrato do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian, encerrou as negociações do dia com alta de 1,26%, a 806 iuanes (110,90 dólares) a tonelada.

- AZUL PN cedeu 7,91%, tendo como pano de fundo anúncio de aumento de preços do querosene de aviação pela Petrobras, além da alta resiliente do dólar ante o real, que fechou o dia cotado a 6,0652 reais, avanço de 1,07% ante sexta-feira.

- RAÍZEN PN recuou 4,55%, devolvendo a alta do último pregão, quando subiu 3,5%. A Folha de S.Paulo noticiou que ANP instaurou uma comissão especial para arbitrar um conflito envolvendo a empresa e a Transpetro sobre a contratação de capacidade de transporte nos dutos de óleo da Transpetro, que ignorou o pedido da Raízen sem maiores explicações.

- AMBEV ON valorizou-se 4,08%, com estrategistas do BTG Pactual incluindo a ação em sua carteira recomendada de dividendos para dezembro. Na semana passada, o Santander afirmou que dezembro deve ser um mês chave para a Ambev, pois a administração pode decidir sobre uma reestruturação de capital da empresa, que seria "um catalisador positivo inesperado".

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- SLC AGRÍCOLA subiu 3,22%, endossada por relatório do Bank of America elevando a recomendação da ação a "compra", bem como preço-alvo para 24 reais. Para os analistas do banco norte-americano, a SLC tem uma relação risco/retorno atrativa em razão de lucros sólidos, perspectiva de crescimento do Ebitda e efeito positivo de real mais fraco, entre outros.

- LOCALIZA ON perdeu 2,55%, uma vez que permanecem as preocupações sobre taxas de juros mais altas por mais tempo no Brasil. Além disso, o BTG Pactual tirou o papel do portfólio de ações 10SIM recomendado para dezembro, que foi substituído por WEG, que "não está barata, mas oferece crescimento resiliente e exposição cambial favorável".

- ALPARGATAS PN fechou em baixa de 2,7%, com a primeira prévia da carteira o Ibovespa para os primeiros quatro meses de 2025 excluindo as ações da dona da marca Havaianas.

- NATURA&CO ON avançou 0,86%, tendo no radar relatório de analistas do Citi adotando um "upside catalyst" de 90 dias para as ações e excluindo o "alto risco" da recomendação de compra. O Citi, porém, cortou o preço-alvo dos papéis de 19 para 18,50 reais, citando custo de capital próprio (Ke) maior.

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