O Ibovespa fechou em queda pelo segundo pregão consecutivo nesta terça-feira, na mínima em quase dois meses, pressionado pelo viés externo adverso, com agentes financeiros também cautelosos antes de nova pesquisa sobre a preferência de eleitores, dadas as persistentes incertezas ligadas à corrida presidencial.
O principal índice de ações da B3 caiu 1,94 por cento, a 74.711,80 pontos, menor fechamento desde 11 de julho, quando terminou a 74.398,55 pontos. O volume financeiro somou 8,54 bilhões de reais.
No exterior, a falta de acordo comercial entre Estados Unidos e Canadá e o embate tarifário entre EUA e China seguiram preocupando investidores com os mercados emergentes, com a África do Sul juntando-se à Argentina e Turquia após entrar em recessão técnica.
O estrategista de pessoa física da Santander Corretora, Ricardo Peretti, disse que o ambiente para emergentes se tornou menos benigno e que o posicionamento dos EUA no embate comercial reforça a cautela, enquanto, do lado doméstico, a questão política é o que traz apreensão.
"O contexto eleitoral tem predominado", disse Peretti, chamando atenção para pesquisa Ibope prevista para esta terça-feira. "Não acredito que a piora seja porque o mercado já esteja antecipando algo ruim, é porque estão apreensivos com o cenário como um todo", disse.
O Jornal Nacional deve divulgar pesquisa Ibope sobre intenção de voto para a Presidência da República, que incluirá tanto cenário com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad em nome do PT.
"Apesar de termos entrado na reta final (com o primeiro turno da eleição em 7 de outubro), está tudo muito em aberto ainda", afirmou o analista de ações da Genial Filipe Villegas. "E a falta de previsibilidade é o grande vetor que vem corroborando essa posição mais conservadora dos investidores."
Peretti acrescentou ainda que as incertezas relacionadas à eleição também dificultam avaliar o que está caro ou barato na bolsa, uma vez que os cálculos incluem cenários para o crescimento da economia que podem não se concretizar a depender do desfecho em outubro.
DESTAQUES
- VALE recuou 3,79 por cento, seguindo a baixa das ações de outras mineradoras no exterior, na esteira do declínio nos preços dos metais.
- AMBEV cedeu 3,33 por cento, também pesando no Ibovespa, tendo no radar a crise na Argentina, que tem derrubado a cotação do peso. De acordo com cálculos recentes da equipe do BTG Pactual, a cada 10 por cento de desvalorização da moeda, o Ebitda cai 1,2 por cento.
- BRADESCO PN cedeu 2,24 por cento e ITAÚ UNIBANCO PN encerrou em baixa de 0,86 por cento, com o setor de bancos de modo geral afetado pela maior a aversão a risco, quadro adverso para emergentes e incertezas eleitorais.
- PETROBRAS PN caiu 1,84 cento, com as ações da petrolífera de controle estatal também suscetíveis às expectativas cautelosas com a corrida presidencial.
- ULTRAPAR recuou 5,74 por cento, em meio a um movimento de realização de lucros, após fechar em alta de mais de 3 por cento na véspera, com notícia sobre interesse de fundo em fatia do controle do grupo.
- MARFRIG avançou 2,32 por cento, após anunciar na véspera que seu conselho de administração aprovou nomear José Miron como novo presidente-executivo. Na empresa desde 2010, Miron era o vice-presidente de finanças e diretor de Relações com Investidores desde maio de 2016.
- BRF valorizou-se 3,09 cento, em nova sessão de recuperação, tendo como pano de fundo a avaliação positiva por analistas de notícias da véspera, notadamente o anúncio do novo vice-presidente de finanças e de números sobre as exportações de frangos e suínos do país em agosto.
- SUZANO subiu 2,75 cento, entre as maiores altas do Ibovespa, em meio a nova alta do dólar ante o real, além das expectativas sobre a fusão com a FIBRIA.