O valor total de imóveis em Londres atingiu US$ 2,2 trilhões - valor equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, segundo um relatório internacional. O montante - equivalente a R$ 4,84 trilhões - vale também os PIBs de México, Argentina e Colômbia somados, informou a imobiliária internacional Savills.
Para o chefe de pesquisas de imóveis residenciais da Savills, Lucian Cook, responsável pelo estudo, a comparação é impactante. "O volume dos números espanta. Por trás disso, há muitos fatores: questões locais, mas também o impacto da globalização e a atração que um lugar como Londres tem", disse ele à BBC.
O setor imobiliário em Londres vive um momento de alta, puxado pela atividade de investidores estrangeiros comprando ativos imobiliários na cidade. Em 2013, por exemplo, 85% dos imóveis novos foram vendidos a investidores estrangeiros.
Uma pesquisa apontou que, neste ano, houve um aumento de 40% no número de propriedades vazias, ou seja, adquiridas como forma de investimento. "Londres demonstrou uma notável capacidade de recuperação após a crise de 2008 com uma taxa de juros muito baixa. Mas a solidez do valor dos imóveis se deve também à oferta menor do que a demanda. Além da escassez, há a atração que os bairros mais caros da capital exerce sobre os ricos de todo o mundo", disse Cook.
Metro quadrado exclusivo
O preço médio de um imóvel na capital britânica é R$ 900 mil, mas vários são negociados a milhões de libras. Duas áreas luxuosas, Kensington-Chelsea e Westminster, concentram propriedades que valem cerca de R$ 890 bilhões, mais do que toda a riqueza da Dinamarca. Nestas regiões, o preço médio de um imóvel supera R$ 3,87 milhões.
"Nessas áreas, nossos clientes pertencem a quatro grupos-chave: oeste e leste da Europa, incluindo a antiga União Soviética; Oriente Médio, incluindo o norte de África; e Ásia. Este perfil internacional aumenta o preço da propriedade", disse Cook.
Pesquisa mostrou que número de propriedades vazias aumentou em 40% neste ano em Londres Este segmento exclusivíssimo do "mercado global" cresce ano após ano, e pressiona o preço de outras áreas menos nobres da cidade.
"Isso faz com que, para os jovens, seja muito mais difícil comprar a primeira casa própria. E também limita a mobilidade das pessoas que querem morar na capital por causa do trabalho, mas não o fazem por causa do preço", disse Lucian Cook.
Este fenômeno explica por que, desde 2002, o número de inquilinos dobrou em Londres.
'Geração aluguel'
Na imprensa britânica, há um novo termo que reflete um numeroso segmento social: a "geração aluguel". São jovens com menos de 30 anos que, diferente de seus pais e avós, não têm possibilidades de pedir empréstimos bancários para comprar o primeiro imóvel.
Mas a maioria dos analistas do mercado imobiliário acredita que esta situação é insustentável. "Nos últimos dez anos, os preços em Londres se descolaram do resto do Reino Unido, mas calculamos que não haverá aumento de preços dos imóveis neste ano", disse Cook.
"Como o mercado ficou mais inacessível para o comprador médio, vemos uma mudança do interesse em direção a outras áreas do país. Achamos que esta será a situação dos próximos cinco anos, até que haja um reequilíbrio do mercado."