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Importação de máquinas agrícolas e de construção triplica em 4 anos e preocupa indústria nacional

Conforme levantamento da Anfavea em 29 licitações, quase um terço das máquinas compradas pelo governo veio de empresas estrangeiras, em especial da China, sem etapas fabris no Brasil

23 jan 2025 - 15h16

A importação de máquinas agrícolas e de construção triplicou entre os anos de 2020 e 2024, conforme estudo apresentado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) nesta quinta-feira, 23. O salto de 9 mil para 26,4 mil unidades é um motivo de preocupação, destacou o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite, em coletiva de imprensa.

Segundo Leite, o número preocupa devido a uma possível desvalorização da indústria nacional frente a produtos importados. De acordo com o levantamento da Anfavea com 29 licitações contemplando 2.132 máquinas, 32% dos equipamentos autopropulsados comprados pelo governo federal foram de empresas sem etapas fabris no País.

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A China correspondeu por 55,7% das importações em 2024, liderando o setor de construção, seguida pela Índia, com 26,4%.

Números preocupam devido a uma possível desvalorização da indústria nacional frente a produtos importados, diz o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite
Números preocupam devido a uma possível desvalorização da indústria nacional frente a produtos importados, diz o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite
Foto: Léo Souza/Estadão / Estadão

Conforme a Anfavea, o crescimento acentuado das compras de máquinas autopropulsadas produzidas fora do País impactou a balança comercial (ou seja, a diferença entre exportações e importações) e levou a um déficit de 5,8 mil unidades em 2024, ante o superávit de 3,8 mil em 2020.

Como foram as exportações

Segundo a associação, as exportações cresceram 1,6 vez, de 12,8 mil unidades em 2020 para 20,6 mil unidades para 2024. Leite atribui o aumento à qualidade do produto brasileiro e "como ele é capaz de atender países considerados exigentes, como Estados Unidos e Canadá".

Em 2024, o líder na aquisição de máquinas agrícolas e de construção do Brasil foram os Estados Unidos, que absorveram 42% das compras. No ano passado, os americanos importaram 22,5 mil máquinas do país asiático, a maior parte no setor de construção.

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Imposições tarifárias dos EUA à China, no governo de Donald Trump, seguem no radar, assim como a possibilidade de redirecionamento das exportações chinesas.

A Anfavea prevê estabilidade nas vendas de máquinas agrícolas em 2025. No ano passado, foram vendidos no País 48,9 mil equipamentos, número que deve se manter este ano. Quanto às exportações, a expectativa é de aumento de 1%, para 6,1 mil máquinas agrícolas exportadas, ante 6 mil unidades em 2024.

A necessidade de taxas de juros atrativas

Segundo o vice-presidente da Anfavea, Alexandre Miranda, fatores como o dólar valorizado e a expectativa de safra de grãos recorde não devem significar necessariamente um aumento nas vendas.

"O que faz com que o agricultor tenha apetite para investimentos é a taxa atrativa de financiamento", disse, lembrando o mais recente aumento da taxa básica de juro da economia, a Selic, e da perspectiva de novas elevações na taxa de juros básica.

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A vice-presidente da Anfavea, Ana Helena Andrade, ressaltou, ainda, a necessidade e a tendência de uma maior equalização de taxas no novo Plano Safra (2025/26), conforme expectativa da associação.

"Aguardamos atenção maior do governo federal", afirmou. "A expectativa é de que o financiamento motive o agricultor a investir mais, produzir mais e alimentar mais pessoas." Para o presidente da Anfavea, o segundo semestre do ano pode ter uma maior venda de máquinas, a depender de linhas atrativas de financiamento.

A agenda prioritária da Anfavea em 2025 inclui atenções voltadas para linhas de financiamento do governo, aperfeiçoamento na política de compras públicas sem prejuízo à indústria local, renovação de frota, políticas de garantia e financiamento para exportação e recomposição da alíquota do imposto de importação em 14%.

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