O ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu e depois desmarcou a reunião que teria com lideranças da oposição para buscar apoio à aprovação do projeto do Imposto de Renda na próxima semana.
O ministro ligou na quinta-feira (19) à noite para o líder da oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), cancelando o encontro que ele mesmo solicitou depois que a votação do projeto foi adiada por falta de votos e aumento das resistências ao parecer do deputado Celso Sabino (PSDB-PA).
A reunião estava marcada para a próxima terça-feira (24) quando o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), quer surpreender e conseguir o que não foi possível ao longo desta semana: votar o projeto, que precisa apenas de maioria simples dos votos para a fatura estar concluída. Lira tem ligado para parlamentares cobrando de forma incisiva apoio na votação da semana que vem, segundo relatos obtidos pela reportagem.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o encontro marcado de Guedes com a oposição causou incômodo com lideranças governistas e, principalmente, com o presidente da Câmara.
A preocupação é que o ministro fizesse algum tipo de acerto que atrapalhasse acordos já feitos com o Centrão para a votação, incluindo as isenções da cobrança de lucro e dividendos para as empresas do Simples e as do lucro presumido (regime de tributação simplificado muito usado por profissionais liberais, como médicos, advogados, contadores e economistas) com faturamento até R$ 4,8 milhões por ano. O Sebrae, preocupado como recuos, divulgou na quinta-feira nota de apoio ao parecer de Sabino.
Ao Estadão/Broadcast, Molon disse que o cancelamento da reunião atrapalha o avanço da proposta. "Naturalmente, essa proibição do diálogo do governo conosco atrapalha o avanço da reforma. Poderíamos ganhar tempo e qualidade na proposta, que poderia chegar ao plenário com um alto nível de acordo entre governo e oposição. Uma pena isso, quem perde é o nosso País", afirmou.
Para o líder da oposição, é lamentável que não se permita que o governo dialogue com a oposição para buscar a melhor solução para a reforma do Imposto de Renda que mexe com empresas, pessoas físicas e investimentos. Segundo ele, assim que foi consultada, a oposição aceitou o convite para a reunião com o ministro da Economia.
"Não somos a oposição do quanto pior, melhor. Somos a oposição que dialoga e propõe soluções para tirar o país da crise e para gerar emprego e renda. Infelizmente o governo não está autorizado por sua base a fazer o mesmo", criticou. A oposição tem como bandeira a taxação de lucros e dividendos, mas vê com preocupação as distorções do projeto.