De acordo com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a Indústria 4.0 tem um potencial de movimentar mais de US$ 15 trilhões nos próximos 15 anos. E no Brasil, segundo dados de 2018 da ABDI, apenas 2% das empresas que estão em território nacional investem nesta prática. Portanto, há muito campo a ser explorado. E o Brasil permanece no estágio inicial deste processo tecnológico.
Os mais recentes avanços e consolidações tecnológicas continuam a pressionar as empresas e principalmente a indústria a acelerar suas iniciativas nesta agenda que surgiu em 2011, durante a Feira de Hannover na Alemanha, e que ainda criou suas versões no mercado americano com o termo Smart Manufacturing e na China com o Made in China 2025, e todos tendo como fundação a evolução da conectividade e do poder de processamento de dados e informações.
Soluções tecnológicas ganharam um novo papel em torno deste conceito, tais como Internet das Coisas (IOT – Internet Og Things), Big Data/Analytics, Inteligência Artificial, Realidade Aumentada e principalmente a Computação na Nuvem (Cloud Computing), todas soluções que podem fazer parte de um roadmap da Industria 4.0 alinhado ao core business de cada empresa e seus desafios.
Basicamente, estamos falando em inovação tecnológica que revoluciona a produção da indústria e busca alavancar a produtividade, enquanto reduz os custos de produção significativamente.
Como funciona a Indústria 4.0 na prática
Ao final, evolução tecnológica gera mais evolução tecnológica, e isto aplicado no conceito da Industria 4.0, diz respeito a redução nos custos de sensores e o desenvolvimento de processadores mais potentes voltados para a geração e coleta dos dados, das máquinas ou coisas conectadas, permitindo a análise em tempo real e a tomada de decisões mais rapidamente dentro da linha de produção, por exemplo. Além disso estes dados irão “ensinar” as máquinas a trabalhar melhor e onde teremos, então, o conceito de Machine Learning.
Toda esta agenda visa o aumento da produtividade, que segundo especialistas representa uma economia de R$ 73 bilhões ao ano na indústria nacional, e que pode ter início com soluções mais conhecidas como a automação industrial utilizando-se de robôs nas linhas de produção e sistemas integrados de gestão fabril (ERP).
Entre os maiores desafios para as empresas brasileiras estão os investimentos nessas novas tecnologias e que ainda exigem uma infraestrutura com novos equipamentos, alta conectividade, cyber segurança e, em especial, a qualificação adequada de funcionários – que precisam receber treinamento e se profissionalizarem a fim de arcar com as demandas das inovações que o setor exige.
Os benefícios de investir nesse cenário
Supondo que o Brasil invista e o cenário da Indústria 4.0 por aqui se torne realidade, quais seriam os reais benefícios?
A priori, toda empresa ― e a indústria não é diferente disso ― tem duas agendas importantes que direcionam os negócios, que são aumento de receitas e redução de custos, ambas podendo ser potencializadas com a implementação destas novas tecnologias.
Em paralelo, o volume de informações que é gerado deve ser utilizado no suporte a decisão e combinadas com dados operacionais dos demais sistemas corporativos. As empresas passam a realizar diagnósticos detalhados e mais profundos sobre as medidas necessárias de gestão de negócios.
Mas é possível aplicar todas estas tecnologias para implementar a Industria 4.0 em uma empresa? A resposta é não.
De fato, cada empresa tem uma realidade quanto aos seus processos, infraestrutura e principalmente necessidades de automação, informação e segurança. Logo, estruturar corretamente um projeto com suas prioridades dentro da realidade da empresa é fundamental para investir e obter retorno sobre este investimento, do contrário gera apenas gastos e frustrações.
Por exemplo, a agenda de Internet das Coisas (IOT) requer uma infraestrutura adequada para a coleta, transmissão e integração dos dados gerados pelas máquinas e, desta forma, complementar repositórios de dados desenvolvidos corretamente para entregar informações que vão gerar insights visuais para análise. Assim, definir ações que reduzam os erros da fabricação, apontem pontos de melhorias, reduzam ciclos produtivos, economizando dinheiro e tempo.
Isso nos leva a pergunta final: Como as empresas podem se preparar para a Indústria 4.0?
A introdução de novas tecnologias nas práticas de negócios existentes sempre traz alguns desafios que precisam ser superados, sendo que alguns dentre tantos que devemos superar, são cruciais, como por exemplo:
• Integração com a Infraestrutura Existente
A proposta é evitar altos investimentos na substituição da sua estrutura de máquinas, rede, etc, com a implementação de sensores para a coleta dos dados a partir do parque instalado de máquinas. Então, partir para a integração com as bases de dados existentes para começar a analisar as primeiras informações sobre vibrações, consumo de energia e detalhes semelhantes, etc.
• Treinamento dos funcionários
Toda nova tecnologia dentro de uma empresa, requer treinamento interno e todos terão que desenvolver novas habilidades para usar as novas tecnologias. Isso significa que a empresa deve considerar os custos de treinamento, o tempo que seus funcionários precisam para desenvolver novas habilidades e os custos de manutenção da operação.
• Decidir que o esforço vale a pena
Avaliar a sua configuração atual e verificar se está funcionando bem o suficiente e que as novas tecnologias podem de fato trazer melhorias para sua produção. Se existirem dificuldades em entender a linguagem técnica e as soluções de software, volte ao início e valide com todo o seu time.
Embora ainda existam dúvidas quanto aos reais benefícios da agenda da Industria 4.0, estas novas tecnologias mencionadas podem trazer um enorme impacto na satisfação do cliente final. Uma vez que as soluções são implementadas, você pode melhorar os prazos de entrega e aumentar a qualidade dos produtos de acordo com as necessidades do seu cliente.
Ao final, a agenda da Indústria 4.0 oferece benefícios a todos os envolvidos com o seu negócio, incluindo o cliente.
(*) Valdeni Rodrigues é CEO da TecToy Transire.