O forte ritmo de alta nos preços de alimentos no Brasil é causado, principalmente, pela desvalorização cambial e deve ser mantido até o fim do primeiro semestre, segundo a Capital Economics.
“Suspeitamos que grande parte da divergência nas taxas de inflação dos alimentos pode ser explicada pela magnitude da depreciação cambial”, afirma Adam Collins, economista-assistente da consultoria. Collins aponta, em relatório, que enquanto os preços dos produtos agrícolas mundiais caíram cerca de 20% em dólares no ano passado, o aumento foi de 30% a 40% em reais. “Isso tem empurrado para cima o custo da importação de alimentos em moeda local”, explica.
Problemas climáticos também são responsáveis pela alta de 12,03% nos preços do grupo alimentação e bebidas, acima dos 10,67% contabilizados pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
“A grave seca no Sudeste do Brasil empurrou para cima os preços de alguns produtos no ano passado”, diz o economista. Efeitos do fenômeno El Niño, com excesso ou escassez de chuva em algumas áreas, também estão presentes.
O impacto contínuo desses fatores tende a manter o ritmo de alta nos preços de alimentos ao longo dos próximos meses, empurrando a taxa de inflação para cima e ocupando o espaço que foi dos preços administrados no ano passado – um dos maiores responsáveis pelo estouro do teto da meta do IPCA.
Com o menor ritmo de desvalorização do real, a inflação deve começar ceder a partir do meio do ano.