O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou uma variação positiva de 0,52% em dezembro, encerrando o ano de 2024 em 4,83%, acima da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 4,5%. A meta do Banco Central era que a inflação oficial fechasse o ano em 3%, com tolerância de até 4,5%. Esse "estouro" da meta pode forçar a entidade monetária a aumentar a taxa Selic, atualmente em 12,25%.
Segundo Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, "a persistência da inflação em itens essenciais agrava o custo de vida, corroendo o poder de compra".
Ele observa que essa situação define a necessidade de uma postura mais contracionista do Comitê de Política Monetária (Copom), que deve considerar um aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, elevando-a para 13,25% na próxima reunião de janeiro. Os especialistas esperam que a taxa de juros termine o ano em 15%.
Já Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, comenta que o "remédio amargo" da alta dos juros também tem consequências negativas para a economia. Ele destaca que "juros mais altos encarecem o crédito e limitam os investimentos privados", complicando ainda mais o plano de recuperação econômica do governo.
A alta da Selic, embora necessária para combater a resistência inflacionária, pode desacelerar o consumo e dificultar a implementação de políticas públicas focadas na recuperação econômica.
Os "vilões" que afetaram a alta da inflação
Os principais fatores que impulsionaram a inflação de 2024 foram originados do grupo Alimentação e Bebidas, que registrou um aumento de 7,69% ao longo de 12 meses, contribuindo com 1,63 pontos percentuais para o IPCA do ano.
Além disso, as altas acumuladas nos preços dos grupos Saúde e Cuidados Pessoais (6,09%) e Transportes (3,30%) também tiveram um impacto significativo, correspondendo a 0,81 p.p. e 0,69 p.p., respectivamente, no índice anual.
Lucas Barbosa, da AZ Quest, acredita que "o cenário de pressões de custos impacta diversas linhas de serviços, especialmente a alimentação fora de casa, que sofreu bastante com o aumento dos preços dos alimentos, incluindo as proteínas animais".
Ele aponta que as previsões para 2025 indicam uma inflação em 5,3%, revisando as expectativas anteriores. A continuidade das altas nos preços dos atacados deve impactar ainda mais o consumidor final, refletindo nas próximas leituras do IPCA.