O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, subiu 0,92% em dezembro e encerrou 2013 com alta de 5,91%, cumprindo a meta oficial do governo mas acima da inflação do ano anterior, que havia ficado em 5,84%, e do esperado por analistas, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. O governo prevê uma meta de inflação de 4,5%, com tolerância de 2 pontos percentuais para mais (6,5%) ou para menos (2,5%).
A alta de dezembro foi a maior variação mensal desde abril de 2003, quando atingiu 0,97%, e, ainda, o maior IPCA dos meses de dezembro desde 2002, cujo resultado chegou a 2,10%, conforme o IBGE. O grupo transporte teve a maior variação e o maior impacto em dezembro.
O crescimento da inflação em 2013 refletiu no preço de produtos e serviços do grupo alimentação e bebidas em todas as regiões, que subiu 8,48%. A alimentação é uma das maiores fontes de despesas e consome cerca de 30% do orçamento das famílias brasileiras.
Em novembro, o IPCA havia avançado 0,54%. Analistas ouvidos pela Reuters esperavam alta de 0,82% em dezembro, segundo a mediana de 28 projeções que variaram de 0,75% a 0,89%. Para 2013, a expectativa era de que o indicador avançasse 5,82% segundo a mediana de 22 projeções que foram de 5,73% a 5,88%.
De acordo com o IBGE, em 2013 o principal impacto veio de alimentação e bebidas, com alta acumulada de 8,48%. Embora tenha desacelerado ante 2012 (9,86%), o grupo ainda teve impacto de 2,03 pontos percentuais no índice do ano passado.
O resultado do IPCA no ano só não foi pior porque, em janeiro, o governo promoveu forte redução no valor das tarifas de energia elétrica e, em meados do ano, o aumento dos preços do transporte público foi revogado em várias capitais após intensas manifestações populares.
Os preços de energia elétrica residencial fecharam o ano passado com queda de 15,66%, tendo impacto de -0,52 ponto percentual no IPCA, segundo o IBGE. Já transportes, apesar da revogação da alta das tarifas, ainda subiu 3,29% no ano, ante 0,48% em 2012, com impacto de 0,64 ponto percentual no IPCA fechado em 2013. O IBGE informou ainda que, na variação mensal, o maior destaque em dezembro coube ao grupo transportes, com alta de 1,85%, ante 0,36% em novembro.
Mais aperto
Sem conseguir colocar a inflação na trajetória para a meta, o governo acabou assumindo o discurso de que entregaria o IPCA do ano passado abaixo do visto em 2012. Em agosto passado, por exemplo, o próprio presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, chegou a afirmar que esse era o objetivo.
Para tanto, em abril o BC deu início a um ciclo de aperto monetário que não terminou ainda e tirou a taxa básica de juros (meta Selic) da mínima histórica de 7,25% para o atual patamar de 10%. A expectativa de economistas era de que a taxa básica de juros vá a 10,5% no final deste ano segundo última pesquisa Focus do BC. Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC fará sua primeira reunião de 2014 e as estimativas são de que haverá alta de 0,25 ponto percentual na Selic.
Com informações da Agência Brasil