Oferecimento

Influencer do 'bem-estar íntimo' faturou mais de R$ 5 mi com loja online; veja detalhes

A engenheira Isabela Cerqueira saiu de uma multinacional para investir em uma rede sobre sexualidade aberta e saudável

3 mai 2023 - 05h00
A 'genital influencer' é conhecida como 'Bela do céu', por a expressão aparecer em muitos dos relatos recebidos de suas clientes após elas experimentarem os produtos
A 'genital influencer' é conhecida como 'Bela do céu', por a expressão aparecer em muitos dos relatos recebidos de suas clientes após elas experimentarem os produtos
Foto: Reprodução/Good Vibres

Nada de preto e vermelho, sex toys com formas do corpo humano ou uma portinha escondida no fundo de uma galeria. Para além do mercado erótico, foi a área de bem-estar sexual que fez Isabela Cerqueira, engenheira de 28 anos, deixar seu cargo em uma multinacional durante a pandemia para criar a Good Vibres, loja virtual de faturamento milionário com foco no prazer e sexualidade saudável.

Desde outubro de 2020, com a abertura da empresa, Isabela já faturou mais de R$ 5,5 milhões com as vendas online, gerando mais de 16 mil pedidos por todo o Brasil. Em meio ao ‘boom’ da marca, para este ano a expectativa é de que o lucro esteja na casa dos R$ 7 mi. “O retorno foi além do esperado, de crescimento de página e financeiro”, ressalta Isabela, em entrevista ao Terra.

Publicidade

Tudo surgiu da naturalidade de Isabela com temas relacionados ao sexo. Durante o período de isolamento social, por conta da pandemia, ela criou um perfil no Instagram chamado Xoxota Power, criando um espaço de troca de experiências para além de sua roda de amigas.

Por ter sua imagem vinculada a um trabalho de carteira registrada em uma empresa tradicional, ela seguia ‘no off’. Mas o público foi crescendo, seu envolvimento com o tema aumentando e, então, ela resolveu se arriscar no nicho do mercado de bem estar-sexual, pedir demissão e começar tudo do zero em um quarto do fundo de sua casa. 

O público inicial do Xoxota Power, de em torno de 5 mil seguidores, se transformou em mais de 110 mil seguidores no Good Vibres. Querendo expandir ainda mais esse potencial da marca, de proporcionar um ambiente de trocas e aprendizados, Isabela investiu em uma pós-graduação em educação sexual, que está prestes a concluir.

“Muitas pessoas usam o Good Vibres como a única forma de falar sobre sexualidade. Elas não têm abertura com familiares, médicos. E criar esse laço de troca de ideias de forma confortável gera muita responsabilidade, eu precisava ter esse conhecimento teórico para conseguir auxiliar [as pessoas] da melhor forma”, acredita.

Publicidade
O faturamento da marca foi de R$ 2 mi em 2021 para R$ 3,5 mi em 2022. A expectativa é que, em 2023, o valor chegue a R$ 7 mi.
Foto: Reprodução/Instagram/@beladoceu

Diversão sem tabu e exposição

A Good Vibres vende vibradores, géis, lubrificantes, masturbadores e outros itens sexuais. Os toys costumam ter formatos orgânicos - fugindo do padrão pênis com veias ou itens com formato de vagina  - e são bem coloridos. Alguns, inclusive, com formas de bichinhos. A ideia é que seja algo discreto e acolhedor, que deixe a pessoa à vontade na hora do prazer.

Para romper com possíveis barreiras de vergonha, que podem inibir a compra, a entrega dos produtos é feita de forma sigilosa. Por serviços de entrega, a caixa vem em papel pardo e com o nome da loja incompleto na nota fiscal. A conta do cartão de crédito e o boleto bancário também vêm sem muitos detalhes.

Quanto custa?

Na busca por democratizar o acesso ao bem-estar sexual de forma mais plena, a marca disponibiliza produtos a partir de R$ 35,90 (o toy ‘Primeiro Amor Vibrador Ponto G’). Já o mais caro é o Jump Rabbit Vibrador e Pulsador, no valor de R$549,90.

Isabela explica que o nicho já foi muito elitista - quando, por exemplo, sugadores de clitóris chegaram ao mercado brasileiro com valores acima dos mil reais. Hoje a realidade é diferente, principalmente com o maior fluxo de exportação de itens da China, com custos mais acessíveis às empresas.

Publicidade

Apesar de também terem opções de itens mais em conta, o ticket médio da Good Vibres é alto, girando em torno de R$ 400, se mostrando um nicho em que as pessoas preferem poupar um pouco para investir em uma compra 'mais completa'.

“A pessoa está comprando uma experiência. Se for para comprar, quer aquele [item] para viver a melhor experiência. Escutam muito os relatos e as amigas na hora da escolha”, acredita Isabela, que até adotou o apelido de Bela do céu por a expressão aparecer em grande parte dos relatos recebidos de suas clientes após elas experimentarem os produtos.

A marca trabalha com a venda de itens variados, incluindo produtos próprios
Foto: Reprodução/Good Vibres

Confira 10 produtos mais vendidos e seus respectivos preços

  • 1 - Kiss Sugador e Vibrador 3 em 1 com Power Touch - R$479,90
  • 2 - Sense Lube Lubrificante Hidratante Neutro - R$35,90
  • 3 - Piggy Sugador de Clitóris Recarregável - R$299,90
  • 4 - Flex Vibrador e Sugador de Clitóris - R$449,90
  • 5 - Fancy Vibrador e Sugador de Clitóris - R$449,90
  • 6 - Let's Vibrador Calcinha com App - R$299,90
  • 7 - Vem-k Vibrador Rabbit - R$159,90
  • 8 - Gel Vibrador Liquido Vibration! Extra forte - R$110,00
  • 9 - Tiny Vibrador Bullet Recarregável - R$99,90
  • 10 - Diamond Vibrador Plug Anal com Bullet - R$99,90

Quebra de tabus

Apesar de ter um olhar otimista com relação ao futuro, por a sexualidade estar sendo cada vez mais discutida abertamente em muitos lugares, Isabela ainda enfrenta situações de tabu e machismo no meio empresarial.

“Já chamaram a Good Vibres de lojinha, como se eu estivesse brincando de casinha de produtos para se divertir. Somos uma empresa séria, com mulheres jovens tendo muitos resultados bem acima do esperado para várias outras empresas”, conta.

Publicidade
Neste ano, Isabela ganhei o 2° lugar no Prêmio Empreendedor do Ano da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico e também tem recebido convites para palestrar sobre sua experiência com a Good Vibres
Foto: Reprodução/Instagram/@beladoceu

Além dessa relação entre empresários e fornecedores, também há uma luta contínua com restrições impostas pelas redes sociais, o principal espaço de divulgação e de trocas de experiências da marca.

Isabela revelou que a conta da empresa já chegou a levar um shadowban - punição do Instagram que aplica um bloqueio no desempenho de publicações, diminuindo o alcance - por escrever “gozar a vida”. “Isso eles bloqueiam na hora. Enquanto, ao mesmo tempo, incentivam conteúdos de objetificação [de mulheres]. É contraditório, mas faz sentido na sociedade em que vivemos”, desabafa.

Palavras como sexo, clitóris e outras precisam ser escritas com letras e números, para também não receberem punição. No Tik Tok, por exemplo, a marca não pode mostrar vibradores. Por conta dessas restrições de supostos conteúdos sensíveis, o crescimento da empresa se deu de forma orgânica, sem tráfego pago. O que resta é usar a criatividade.

Fonte: Redação Terra
TAGS
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações