ESPECIAL PARA O ESTADÃO - Até o final de 2024, as instituições financeiras do Brasil estimam investir R$ 47,4 bilhões em segurança cibernética, segundo dados da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), que mostram também que atualmente os bancos destinam cerca de 10% de seus orçamentos em tecnologia de segurança.
Essa preocupação é justificada. De acordo com um estudo recente do Instituto Nacional de Combate ao Cibercrime (INCC), os ataques cibernéticos causam perdas que devem chegar a R$ 2,3 trilhões no Brasil em 2024. Isso significa que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro poderia ser 18% maior este ano, caso os ataques tivessem sido evitados.
Essa situação se reflete em um levantamento feito pela Confederação Nacional das Seguradoras (Cnseg), no qual se identificou que entre janeiro e junho de 2024, o seguro cibernético obteve o melhor desempenho dos últimos cinco anos, passando de R$ 17,8 milhões em 2020 para R$110,6 milhões este ano, uma alta de 512,4%. Ao comparar com o mesmo período de 2023, o avanço foi de 12,7%, motivado principalmente pela preocupação das empresas em proteger o negócio contra a ação nociva de hackers.
João Fontes, coordenador da Subcomissão de Linhas Financeiras da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), destaca que em 2019 o valor total de prêmios emitidos pelo mercado segurador em casos de crimes cibernéticos foi de R$ 21 milhões, quantia que aumentou em 2023 para R$ 205 milhões.
Destinado às empresas, o seguro de Riscos Cibernéticos oferece proteção contra danos diretos ocasionados por ciberataques que geram perdas financeiras, como extorsão e lucros cessantes, e de conteúdo informacional, como vazamento de dados. Além disso, pode ser utilizado para cobrir reclamações decorrentes de uso indevido de informações e violação da privacidade e dos direitos de propriedade intelectual.
De acordo com ele, o mercado brasileiro só passou a oferecer seguros para casos de crimes cibernéticos a partir de 2012, mas nos Estados Unidos estes produtos já existem desde a década de 90. "Foram produtos lançados com base em uma necessidade da sociedade, em especial a partir de 2017, quando houve um ataque hacker global contra o sistema financeiro, que teve impacto em mais de 150 países, incluindo o Brasil."
Sandro Santos Souza, superintendente de Proteção de Dados do Banco Master, ressalta que as pessoas estão cada vez mais conectadas e conscientes de seu poder sobre os próprios dados. "Essa mudança cultural certamente continuará a impulsionar transformações significativas nos próximos anos. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foi um marco importante."
Segundo ele, o que é oferecido hoje por instituições financeiras como o Banco Master é adequado, especialmente quando comparado a empresas de outros setores no Brasil.
"De acordo com um estudo realizado em setembro de 2022, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) ainda está fora da realidade de 80% das empresas brasileiras. No entanto, é importante ressaltar que, apesar dos avanços, sempre há espaço para melhorias contínuas na proteção de dados."
No Banco Master, a qualificação das equipes para a proteção de dados pessoais é realizada por meio de um programa contínuo de treinamentos, ações e campanhas de conscientização. "Temos investido significativamente em treinamentos, na promoção de uma cultura de privacidade e, especialmente, em tecnologia, garantindo que todas as áreas da instituição estejam plenamente envolvidas e conscientes da importância de respeitar os dados e a privacidade de nossos clientes", afirma Souza.