O sonho de internacionalizar a carreira requer planejamento e investimento, independentemente do local escolhido. No caso da Europa, a principal porta de entrada para brasileiros tem sido Portugal, tanto pelas diversas opções de vistos, quanto pelo clima mais ameno e a facilidade com o idioma.
No entanto, apenas estar no país português não dá direito automático a trabalhar em outras localidades. Cada nação tem exigências e procedimentos próprios, que precisam ser seguidos para residir e trabalhar legalmente.
Gabriel Ezra Mizrahi, advogado e sócio-fundador do Clube do Passaporte, explica que se a intenção é no país português, há diversas opções de visto. Entre elas estão o visto para procura de trabalho (desempregados que buscam um emprego em Portugal), ou propriamente de trabalho (quando a pessoa já está empregada ou com a promessa de contrato junto à empresa portuguesa), e até o próprio visto de estudante, que dependendo das condições em que é deferido, permite também o trabalho no país.
“Quase todos os vistos possibilitam a internacionalização da carreira profissional na Europa, sendo a base em Portugal. E uma vez vivendo em território português, isso abre portas por meio de contatos e das relações que você constrói”, observa.
E se a intenção é ir para outro país europeu?
Se a intenção é trabalhar em outros países da Europa, é necessário buscar as documentações de cada um. Somente os vistos relacionados a Portugal não permitem que a pessoa trabalhe legalmente em outra nação da União Europeia.
Nem mesmo a autorização de residência no país português é suficiente para trabalhar na Itália ou na Espanha, por exemplo. É possível ir como turista, viajar para outros países da UE, mas não trabalhar. Apesar dessa negativa, na prática muitas pessoas fazem isso, mas acabam ficando com status irregular.
“Não seria razoável, por exemplo, Portugal conceder um visto para permitir que a pessoa trabalhe na Itália, uma vez que são países diferentes. Em geral, a pessoa precisa de uma nova autorização para trabalhar em outros países, salvo no caso dela ter uma nacionalidade europeia. E apesar de mais simples nesse caso, ela ainda precisa de regulação para trabalhar em outros países”, diz.
Há apenas uma exceção em se tratando de vistos concedidos por Portugal que possibilita trabalhar em outros países da União Europeia: para trabalhadores altamente qualificados, cujas competências técnicas são especializadas, de caráter excepcional ou possuem uma qualificação adequada para o serviço pretendido. Entre eles estão profissionais das áreas de tecnologia da informação, advocacia e saúde, profissionais em cargos de gestão, como diretores, além de pesquisadores científicos, por exemplo.
Este documento é uma espécie de cartão azul para que a pessoa trabalhe em outro país da Europa. Mas em geral, é pouco solicitado e difícil de conseguir.
Refletir além da documentação
Internacionalizar a carreira na Europa também passa por entender outras questões, como o choque de cultura corporativa e laboral, mesmo com a facilidade do idioma no caso de trabalhar em Portugal, por exemplo.
“O português em geral é um povo menos frio do que o restante da Europa, mas ainda assim é uma cultura bastante diferente da nossa. Eles são mais diretos e objetivos, especialmente na questão do tratamento, na relação hierárquica”, diz.
Outro ponto que pode impactar são costumes como as vestimentas. Pensando em advogados, por exemplo, Mizrahi conta que em Portugal manter muita formalidade ainda é comum, enquanto no Brasil começa a existir uma maior flexibilização.
“Independentemente do país escolhido para trabalhar na Europa, é importante haver essa análise e capacidade de se adaptar”, completa.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.