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Investidor premia empresa que já tem resultado com novas tecnologias

Sem aparente conexão entre si, Magazine Luiza e Banco Inter ficaram entre maiores altas da Bolsa, indicando uma tendência

14 ago 2019 - 05h11

Os investidores premiaram na terça-feira, 13, duas empresas que, aparentemente, não têm qualquer conexão entre si: Magazine Luiza e Banco Inter. A rede varejista fechou em alta de quase 4% e o banco digital de 6,25%. Os números divulgados no balanço trimestral atiçaram o apetite dos investidores, mas há um tempero mais forte do que apenas resultados pontuais para a demanda. "Os investidores da Bolsa estão entendendo que o futuro perpassa por quatro palavras: serviços, conectividade, digitalização e inovação", diz Hugo Tadeu, professor do núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral.

Essas empresas, diz ele, têm mostrado na prática que trabalhar com serviços tem maior potencial de crescimento e menor necessidade de investimentos do que apenas vender produtos. Sempre baseado em uma plataforma tecnológica parruda, que capta, otimiza e - é claro, lucra - com uso dos milhões de dados digitais fornecidos pelos cliente, a cada compra, transação financeira, reclamação ou pós-venda.

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Mais de 40% das vendas totais do Magazine Luiza já vêm do comércio eletrônico
Mais de 40% das vendas totais do Magazine Luiza já vêm do comércio eletrônico
Foto: Divulgação / Estadão

"As empresas que não entenderem e não surfarem na tendência que junta inteligência artificial e negócios estão fora", diz Tadeu. "Elas criam mercados novos e descobrem formas mais inteligentes de prover serviços com a captura e a interpretação de dados."

Em números

Foi o que aconteceu com o Luiza. Nas mesmas lojas físicas, as vendas subiram meros 0,3% no trimestre, na comparação com o mesmo período do ano anterior. No comércio eletrônico, porém, a situação foi bem diferente. "As vendas em lojas físicas chamaram a atenção porque não foram boas", diz Bruno Madruga, sócio e chefe de renda variável da assessoria de investimentos Monte Bravo. "Mas o resultado veio bem positivo, principalmente pelas vendas online".

Isso porque as vendas no comércio eletrônico do Luiza subiram 56,2% no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, e se tornaram 41,5% das vendas totais da companhia.

De acordo com a empresa, o desempenho foi impulsionado pelo aplicativo, que alcançou a marca de 12 milhões de usuários ativos mensais. Esse número inclui, além do superapp Magalu, os aplicativos da Netshoes, Zattini e Época Cosméticos.

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As vendas do marketplace, plataforma na qual são vendidos produtos de terceiros, dispararam quase 300% no segundo trimestre e representaram 10% das vendas da companhia no período. Segundo a empresa, foram adicionados, em média, mil novos 'lojistas' por mês na plataforma.

Tamanho crescimento ficou acima das expectativas da própria varejista. "São mais de 8.100 'lojistas' formais que jogam dentro das regras do jogo", afirmou Frederico Trajano, presidente da empresa, em conferência com analistas. "A gente quer estimular os que operam na informalidade a entrar na formalidade."

A expectativa é que, até o fim do ano, a varejista tenha cerca de 15 mil vendedores em seu marketplace. "A longo prazo, o potencial é muito maior do que esse", disse Roberto Bellissimo, diretor financeiro do Magazine Luiza. A estratégia é digitalizar o varejo, com a expectativa de chegar a dezenas ou centenas de milhares de vendedores.

Emergente

Como as premissas desse novo mundo dos negócios valem para todas as áreas, o Inter foi outro a ser premiado pelos investidores e analistas na terça-feira. "O resultado do Banco Inter foi o grande resultado do dia", afirma Madruga. "Acreditamos que eles sejam uma tendência nas fintechs e provavelmente a lucratividade deste setor será positiva no futuro."

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Isso porque o lucro do Inter no segundo trimestre foi o maior já registrado pela instituição. Foram R$ 33 milhões, crescimento de 91% em relação ao mesmo período do ano passado.

Além dos resultados passados, as perspectivas animaram os investidores. Segundo João Victor Menin, presidente do Inter, o banco vai lançar em breve seu superapp, uma plataforma de serviços não financeiros. "Será usado para o consumo de produtos e serviços e os clientes poderão receber dinheiro de volta das compras feitas no aplicativo, no modelo cashback", afirmou Menin.

Além disso, o banco deve lançar entre o fim deste ano e início de 2020, produtos para os pequenos comerciantes, sem a necessidade de aquisição das maquininhas. "Conseguimos embarcar uma tecnologia que dispensará o uso de maquininhas e o serviço poderá ser utilizado pelo celular", disse.

Talvez o anúncio mais importante feito por Menin durante a conferência com analistas, porém, tenha sido o fato de o banco ter convidado o grupo empresarial Softbank para ocupar um assento em seu conselho de administração. Semana passada, o grupo japonês comprou 8,1% das ações do Inter por R$ 760 milhões. "O banco vem em movimento de trazer pessoas com pegada disruptiva e, quando convidamos o Softbank, foi com esse objetivo", afirmou ele.

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Os analistas concordaram. "Com o Softbank a bordo, achamos que o Inter encontrou o que procurava: um investidor estratégico com bolsos recheado, que, ao mesmo tempo em que reduz o custo de capital, traz novas ideias graças a sua expertise", escreveram analistas do banco BTG, em relatório.

Em março, o Softbank anunciou um fundo de US$ 5 bilhões para investimentos na América Latina. "Do ponto de vista fiscal, investir em startups e empresas de base tecnológica e receber dividendos é muito mais interessante para esses fundos do que pagar imposto", diz Tadeu, da FDC. É mais um alimento desse novo ciclo de negócios.

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