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Investimento direto no Brasil é o menor em oito anos

Brasil recebeu de outros países R$ 29,9 bilhões no primeiro semestre; número menor de leilões ajuda a explicar queda

27 jul 2018 - 04h11
(atualizado às 07h41)

O Brasil recebeu US$ 29,9 bilhões em investimento produtivo de outros países no primeiro semestre de 2018. A cifra, divulgada nesta quinta-feira, 26, pelo Banco Central, é a menor para um primeiro semestre desde 2010, quando US$ 27 bilhões entraram no País de janeiro a junho.

Os dados do BC mostraram que, em junho, o Investimento Direto no País (IDP) somou US$ 6,5 bilhões, maior que o de junho de 2017, de US$ 4 bilhões. No entanto, os US$ 29,9 bilhões de IDP acumulados de janeiro a junho ficaram 17,4% abaixo dos US$ 36,2 bilhões do mesmo período do ano passado.

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Presidente da República, Michel Temer, ao lado de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados
Presidente da República, Michel Temer, ao lado de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados
Foto: Mario Tama/Getty Images / Getty Images

"O IDP se reduziu no primeiro semestre, mas segue robusto para financiar o déficit em conta corrente", afirmou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha. "Essa redução parece bastante ligada à falta de operações individuais de maior vulto. A primeira operação de IDP superior a US$ 1 bilhão ocorreu apenas em junho."

Rocha explicou que operações de IDP com valores menores geralmente estão ligadas à expansão de empresas estabelecidas no País. Segundo ele, esse fluxo continuou em 2018. As operações de IDP com valores maiores estão ligadas a aquisições de empresas por estrangeiros ou a resultados de leilões de concessão.

No primeiro semestre do ano, houve apenas uma operação de IDP acima de US$ 1 bilhão, no valor de US$ 1,04 bilhão. De janeiro a junho de 2017, foram US$ 7,98 bilhões em operações de IDP de valores maiores.

Questionado se o IDP teria sido menor em função da cautela dos estrangeiros, que podem estar aguardando a eleição presidencial para promover novos investimentos, Rocha afirmou que "é difícil dar uma resposta conclusiva para isso". "Não havendo leilões, há uma oportunidade a menos para realizar IDP", acrescentou.

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Conta corrente

De acordo com o BC, em junho, o País registrou superávit em conta corrente de US$ 435 milhões. O número - que reflete o saldo de transações do Brasil com o exterior nas áreas comercial (exportações menos importações), de serviços e rendas - foi positivo pelo quarto mês consecutivo.

A balança comercial teve superávit de US$ 5,5 bilhões, abaixo dos US$ 7 bilhões de junho de 2017. "Evidências apontam que, nas duas primeiras semanas de junho, houve impacto da greve dos caminhoneiros", citou Rocha. Com os caminheiros parados, o País exportou menos.

No primeiro semestre, a conta corrente acumulou déficit de US$ 3,6 bilhões. Apesar disso, os US$ 29,9 bilhões de IDP no primeiro semestre foram mais que suficientes para compensar o déficit em transações correntes.

Turismo

O avanço do dólar ante o real fez os brasileiros segurarem os gastos com viagens ao exterior. Dados do BC mostraram que a conta de viagens teve déficit de US$ 1,1 bilhão em junho. O montante, que reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil, é 2,12% menor que o visto em junho de 2017. Em maio, ele havia ficado em US$ 1,2 bilhão.

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As despesas dos brasileiros em outros países somaram US$ 1,5 bilhão, abaixo dos US$ 1,6 bilhão de maio. No primeiro semestre, as despesas líquidas com viagens somaram US$ 6,3 bilhões, acima dos US$ 5,7 bilhões do ano passado.

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