O governo da Itália disse nesta quinta-feira que vai resistir à pressão de Bruxelas para rever plano de Orçamento expansionista, efetivamente desafiando autoridades da União Europeia a punir o país com multas antes das eleições parlamentares europeias em maio.
Líderes do governo populista italiano disseram que vão avançar com a expansão do déficit no ano que vem, um dia depois de a Comissão Europeia ter iniciado procedimentos disciplinares contra a Itália sobre o plano, em uma disputa que tem preocupado
toda a zona do euro.
"Não daremos um passo para trás", disse o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, à emissora de televisão estatal Rai. "Não estamos gastando esse dinheiro aleatoriamente. A ideia é que a Itália cresça."
Salvini quer que a Liga -um dos dois partidos que formaram uma coalizão governista em junho- ajude a reduzir os poderes da União Europeia sobre os países-membros e encabeçará um ataque populista contra o Parlamento Europeu nas eleições do ano que vem.
Seu parceiro de coalizão e vice-primeiro-ministro, Luigi Di Maio, do partido anti-establishment, o 5 Estrelas, também disse que o governo italiano não recuará antes das eleições.
"Eu descarto medidas de corte de gastos antes da eleição da UE", disse Di Maio a jornalistas no parlamento, acrescentando que muitos países europeus teriam razões para mudar as "regras do jogo" na Europa depois disso.
O governo argumenta que uma expansão no Orçamento vai impulsionar o crescimento econômico e, por sua vez, as receitas fiscais, reduzindo seus 3 trilhões de euros de dívida pública, o que representa cerca de 130 por cento do PIB do país.
A Comissão Europeia discorda, dizendo que a Itália deve fazer mais para aliviar sua carga de dívida, que é proporcionalmente a segunda maior da zona do euro depois da Grécia.