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Itaú acusa ex-CFO Alexsandro Broedel de conflito de interesse na contratação de pareceres

Broedel diz que acusações são infundadas e que pessoa já era contratada pelo banco; ele teria autorizado pagamentos de R$ 13,3 milhões ao longo de cinco anos

7 dez 2024 - 11h41
(atualizado às 17h16)

O Itaú Unibanco acusa o ex-diretor financeiro (CFO) do banco, Alexsandro Broedel, de conflito de interesses na contratação de pareceres contábeis entre os anos de 2019 e 2024. Broedel teria autorizado pagamentos de R$ 13,3 milhões ao longo desse período a uma empresa do professor de contabilidade Eliseu Martins, de quem é sócio em outra firma. Posteriormente, teria recebido 40% desse valor. Broedel disse através de assessoria de imprensa que as acusações do Itaú são infundadas e que Martins já prestava serviços ao Itaú há décadas - leia mais no fim do texto.

Em um processo protocolado na Justiça de São Paulo, o Itaú afirma que Broedel aprovou a contratação de pareceres pelos quais uma empresa pertencente a Martins e a um de seus filhos recebeu R$ 13,255 milhões nos últimos cinco anos, sendo R$ 10,455 milhões entre 2022 e 2024. Parte desse valor era posteriormente repassada a contas de uma segunda empresa, em que Martins e Broedel eram sócios, e a contas do próprio Broedel.

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Ao todo, afirma o Itaú, o ex-diretor teria recebido R$ 4,860 milhões ao longo dos últimos cinco anos. A situação configura conflito de interesses, de acordo com a defesa do banco, dado que Broedel autorizou pagamentos que em parte chegariam até ele.

Foram contratados ao todo 40 pareceres, e Broedel teria dado por recebidos 36 deles. No entanto, após investigação, o banco encontrou apenas 20 desses pareceres. Os demais, de acordo com argumentação dos acusados reproduzida pela defesa do banco, teriam sido relativos a serviços de consultoria, ou seja, de natureza distinta da que constava nas notas fiscais.

Broedel afirma que sempre agiu com correção e questionou 'timing' do processo movido pelo Itaú
Broedel afirma que sempre agiu com correção e questionou 'timing' do processo movido pelo Itaú
Foto: Taba Benedicto/Estadão / Estadão

Ainda de acordo com o processo, Broedel e Martins, questionados sobre as operações financeiras entre empresas, afirmaram que se tratavam de transferências entre sócios, e que o próprio Broedel teria transferido recursos para uma das companhias. No entanto, nenhum documento sobre essas operações ou acertos entre sócios foi apresentado, afirma a defesa do banco.

Em assembleia geral extraordinária realizada na quinta-feira, o Itaú aprovou a entrada com processo contra Broedel e os demais envolvidos, além de tornar sem efeito a aprovação das contas do executivo entre os anos de 2021 e 2023.

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Broedel deixou o Itaú neste ano rumo ao Grupo Santander, na Espanha. O executivo não assumiu imediatamente suas funções devido ao período de transição, mas de acordo com fontes, o Itaú interrompeu o chamado "garden leave" em setembro.

Em nota, o Itaú afirma que o caso foi informado aos órgãos reguladores. Diz ainda que o efeito do caso sobre o balanço está limitado aos valores pagos. "Ressalta-se, ainda, que seus balanços foram reavaliados pelo Comitê de Auditoria da Companhia e por consultoria externa e independente, a PWC, que certificaram a lisura e a ausência de impacto nas demonstrações financeiras e nos resultados do Itaú Unibanco", diz o banco.

Broedel nega acusações

Procurado, Broedel disse através de assessoria de imprensa que as acusações do Itaú são infundadas, e que sempre atuou com ética e transparência ao longo dos 12 anos em que esteve no banco.

"O parecerista mencionado pelo Itaú (Eliseu Martins) já prestava serviços ao banco há décadas, muito antes de Broedel ser convidado para a diretoria da instituição. Os serviços mencionados eram do conhecimento do Itaú e requeridos por diferentes áreas do banco", disse ele.

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O executivo afirmou ainda que "causa profunda estranheza" que o Itaú denuncie as supostas condutas impróprias após ele deixar o banco para assumir uma posição global em um de seus principais concorrentes. Ele disse também que tomará as medidas judiciais cabíveis.

Procurado, Eliseu Martins ainda não se manifestou.

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