A Itaúsa pode fazer distribuição adicional de dividendos aos acionistas no início do próximo ano, afirmou nesta terça-feira o presidente-executivo da holding controladora do Itaú Unibanco, Alfredo Setubal.
"As empresas estão indo melhor e a perspectiva é que paguem mais JCP e dividendos em relação a 2024", disse Setubal em apresentação a analistas e investidores após a publicação do balanço trimestral da companhia na noite da véspera.
"Esperamos que possamos distribuir dividendos adicionais no início do ano que vem. Há perspectiva de que o Itaú Unibanco distribua dividendos extraordinários no início do ano. Se houver isso, vamos repassar esse dividendo também para nossos acionistas", disse Setubal.
O executivo lembrou que o conselho de administração da companhia aprovou na véspera bonificação de acionistas na proporção de cinco novas ações para cada 100 papéis detidos pelos investidores. O aumento de capital é equivalente a 7 bilhões de reais.
Assim como nos últimos trimestres, Setubal voltou a frisar que a Itaúsa segue buscando novos investimentos, mas a atual conjuntura elevada de juros do país tem impedido uma equação de retorno que justifique novos aportes da empresa.
A empresa "tem uma série de NDAs assinados", disse Setubal na apresentação a investidores, se referindo à expressão em inglês para acordos de confidencialidade, e o presidente do conselho de administração, Raul Calfat, afirmou que a empresa "dificilmente tem menos de 12 a 15 empresas que estão sendo avaliadas para investimentos".
Calfat não informou os nomes das empresas analisadas pela Itaúsa, mas Setubal citou que a holding segue interessada em entrar na cadeia do agronegócio, embora também ainda não tenha encontrado oportunidade para investir.
Questionado por jornalistas sobre a presença de empresas industriais e de consumo no portfólio da empresa que nos últimos anos se voltou notoriamente a segmentos de infraestrutura, Setubal afirmou que a Itaúsa segue apostando na Dexco e na Alpargatas "no médio prazo" diante de uma perspectiva de redução da inflação brasileira.
"A longo prazo, as empresas de industriais devem voltar a ter rentabilidade acima do custo de capital...Estão gerando pouco valor para os acionistas, mas isso é momento transitório da economia brasileira", disse o presidente da Itaúsa.
Segundo o executivo, "é muito difícil o Brasil conseguir deixar a inflação no centro da meta", mas o país está "caminhando na direção correta. "Temos visão otimista de que no médio prazo as coisas vão se encaixar, com inflação controlada ao redor do topo da meta."
Sobre a criação de uma eventual estrutura fora do Brasil que pudesse permitir ao grupo viabilizar investimentos no exterior diante de alíquotas tributárias menores, Setubal disse que isso "é projeto que vai e vem".
"Continuamos focados em mostrar que a dificuldade fiscal e tributária no Brasil torna as empresas brasileiras menos competitivas para operarem no mercado internacional", disse Setubal. "A maioria dos países tem alíquotas de 20%", afirmou o executivo, citando alíquotas no Brasil de 34% para empresas não financeiras e 45% para companhias financeiras.