A dependência financeira faz com que muitas mulheres permaneçam em relacionamentos abusivos. Para mudar esse cenário, é preciso ajudar as mulheres entenderem a importância de investir em suas carreiras. Esse foi um dos temas debatidos com Izabella Borges, advogada especialista em gênero, convidada do Papo Que Rende desta semana.
"A maior parte das mulheres permanece no ciclo da violência doméstica e do relacionamento abusivo justamente em razão da dependência financeira, que vem junto com a dependência emocional. Esses dois assuntos são bem conectados", afirmou Izabella Borges.
"Precisamos criar estratégicas para levar para as mulheres a importância de cuidarem de suas carreiras. É muito comum, até porque a cultura nos leva a esse lugar, que as mulheres façam combinados que ficarão cuidando dos filhos e abrirão mão de suas carreiras, ainda que em partes. O fato é que os homens sempre tem mais mais tempo para cuidar das suas carreiras que as mulheres", completou.
A advogada aproveitou para enumerar todas as preocupações das mulheres no dia a dia em comparação com os homens: "A nossa mente fica o tempo inteiro girando em um milhão de coisas. Estamos preocupadas com os filhos, com os remédios, com o que vai ser servido no almoço para as crianças, com o uniforme escolar, com o que a gente precisa fazer no nosso escritório, com o bem-estar da família, enquanto eles acordam, colocam a roupa e vão trabalhar porque está tudo certo."
Com todas as demandas, as mulheres acabam deixando a carreira em segundo plano. "A gente pensa demais em muita coisa, por pensar demais que a gente deveria estar dividindo com os genitores dos filhos para as mulheres que são mães. A gente acaba deixando de se preocupar, de ter tempo para se dedicar para nossa carreira e entender a complexidade de estabelecer a carreira como se fosse uma forma de ter a certeza que vamos conseguir chegar em algum lugar", explicou Izabella Borges
"Precisamos cuidar da nossa carreira, não precisa estar em um relacionamento para se sentir segura financeiramente, isso é um padrão social que a gente precisa descontruir, é muito importante", completou.
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