A JBS desistiu dos planos para listar a subsidiária JBS Foods International na bolsa de Nova York, quase seis meses depois dos escândalos gerados por delações premiadas de seus controladores e da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, terem minado a demanda de investidores pela operação.
Em aviso ao órgão que regula os mercados norte-americanos, SEC, a JBS Foods International pediu o cancelamento do pedido de IPO porque "decidiu não buscar a venda de títulos neste momento".
Representantes da empresa e da JBS não deram mais detalhes ou novo cronograma para a transação.
O IPO dos negócios internacionais da JBS, que incluiria a divisão de alimentos processados Seara, era vista pelo mercado como uma oportunidade para a maior processadora de carne bovina do mundo destravar valor de suas operações e reduzir dívida.
As ações da JBS exibiam alta de cerca de 0,50 por cento às 12:17 na B3, enquanto o Ibovespa tinha valorização de 0,10 por cento.
A possibilidade de cancelamento do IPO já era considerada pelo mercado após o estouro dos escândalos que envolveram a companhia, cujo ex-presidente executivo, Wesley Batista, está preso, acusado de ter se aproveitado das delações premiadas para lucrar no mercado financeiro por meio de uso de informações privilegiadas.
Em meados de agosto, quando ainda era presidente-executivo da JBS, Batista havia afirmado que o IPO da JBS Foods International tinha sido adiado para o final de 2018.
A JBS terminou junho com dívida líquida de cerca de 50 bilhões de reais e dívida líquida sobre Ebitda de 4,16 vezes. O lucro do segundo trimestre caiu 80 por cento sobre um ano antes, impactado por câmbio e aumento de despesas. Batista comentou em agosto que a empresa tinha como meta atingir nível de endividamento de 3,5 vezes até o final de 2017.