O juiz americano encarregado de cuidar do caso envolvendo a reestruturação da dívida da Argentina, Thomas Griesa, ordenou nesta terça-feira que os negociadores representando o país e os investidores se reúnam com o mediador nomeado pelo tribunal até chegarem a acordo, conforme vai se esgotando o tempo até possível default.
Diversas partes da disputa legal de longa data compareceram diante do juiz, que ouviu série de pedidos sobre como aplicar sua recente decisão exigindo pagamento de US$ 1,33 bilhão, acrescidos de juros, aos credores. O país tem até 30 de julho para resolver o caso ou enfrentará seu segundo default.
A Argentina foi levada à beira de novo calote por decisões judiciais americanas. As determinações forçou-a a negociar com investidores que se recusaram a reestruturar seus títulos após o país declarar moratória de cerca de US$ 100 bilhões em 2001 e 2002.
A Argentina tem argumentado que se o juiz não suspender sua decisão, não conseguirá chegar a um acordo. O país tem dito que se pagar aos investidores, abrirá a porta para mais passivos que poderiam custar bilhões de dólares. Mas Griesa disse que a suspensão não é necessária e que um acordo é realista.
"No meu ponto de vista, todos os problemas que você descreveu podem ser administrados em acordo", disse. "Caso contrário, haverá um default, e essa é a pior coisa. Essa é a pior coisa que consigo enxergar. Eu não quero que isso aconteça. As pessoas serão machucadas por isso, realmente machucadas. Não abutres sendo machucados, pessoas verdadeiras", acrescentou.
Griesa ordenou que os envolvidos se encontrem com o mediador Daniel Pollack e se reúnam "continuamente até chegarem a acordo". Pollack convocou uma reunião para quarta-feira às 11h (horário de Brasília) em Nova York.
O advogado Jonathan Blackman, que representa a Argentina, disse que um acordo "simplesmente não pode ser firmado até o fim deste mês" mesmo com negociações contínuas. O país pediu que Griesa suspenda sua ordem exigindo pagamento aos credores da dívida reestruturada e não reestruturada, de forma que as negociações possam continuar sem uma "panela de pressão artificial".