Julgamento do STF sobre 'revisão da vida toda do INSS' é interrompido a poucos minutos do final

Cálculos do governo federal apontam que a União pode sofrer impacto de R$ 360 bilhões em 15 anos

9 mar 2022 - 08h03

Brasília - A poucos minutos do fim do prazo, o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), tirou o julgamento da Revisão da Vida Toda de beneficiários da Previdência Social do Plenário Virtual do Supremo para o julgamento ser reiniciado no Plenário Físico. O placar estava 6 x 5 a favor dos aposentados e o julgamento se encerraria às 23h59 da terça-feira. O pedido do ministro ocorreu por volta das 23h30, cerca de 30 minutos antes do encerramento.

Mais cedo, o Estadão/Broadcast revelou que novos cálculos do governo federal apontavam que a União, caso a derrota se confirmasse até o fim da terça-feira, poderia sofrer um impacto de R$ 360 bilhões aos cofres públicos em 15 anos, já que mais de 51 milhões de benefícios poderiam ser revisados com a nova tese.

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Supremo Tribunal Federal, em Brasília; julgamento sobre 'revisão da vida toda do INSS' foi interrompido 
Supremo Tribunal Federal, em Brasília; julgamento sobre 'revisão da vida toda do INSS' foi interrompido
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil - 28/6/2021 / Estadão

O julgamento caminhava para favorecer os aposentados, já que a maioria da Corte estava entendendo que os beneficiários do INSS poderiam usar todas as suas contribuições previdenciárias, inclusive as anteriores a julho de 1994, início do Plano Real, para recalcular os valores de seus benefícios. Nunes Marques já havia se posicionado contra a tese, em linha com a argumentação da União.

Nos bastidores, ministros do STF afirmam que o pedido de Nunes Marques foi uma tentativa de manipular o resultado do julgamento a favor do governo de Jair Bolsonaro (PL). Isso porque agora, no Plenário Físico, o julgamento será recomeçado e o voto do relator, o ex-ministro Marco Aurélio Mello, a favor dos aposentados, será descartado. Assim, o ministro André Mendonça, ex-advogado-geral da União, poderia votar a favor do governo e reverter o julgamento, favorecendo a União e evitando a derrota bilionária.

O Estadão/Broadcast apurou que a ala descontente com a atitude de Nunes Marques no Supremo deve colocar em votação uma questão de ordem para travar a manobra e manter o voto dado por Marco Aurélio Mello a favor dos aposentados.

Além de Marco Aurélio, votaram a favor dos aposentados os ministros Edson Fachin, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes.

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