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Juro do cartão de crédito sobe e do cheque especial cai em outubro

Taxas das duas linhas de crédito continuam acima de 300% ao ano, enquanto a Selic está na mínima histórica, de 5%

27 nov 2019 - 12h23

BRASÍLIA - Os juros bancários médios cobrados no cartão de crédito rotativo aumentaram em outubro, enquanto que as taxas do cheque especial caíram, informou nesta quarta-feira, 27, o Banco Central.

As taxas das duas linhas de crédito continuam acima de 300% ao ano, enquanto a taxa básica de juros, a Selic, está na mínima histórica, de 5%.

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Em entrevista ao Estado, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de resolução do Banco Central, João Manoel Pinho de Mello, afirmou que a instituição não está satisfeita com o custo do crédito no cartão de crédito e trabalha num novo modelo para o cheque especial.

O juro médio do cartão de crédito rotativo para pessoas físicas subiu de 307,8% ao ano, em setembro, para 317,2% ao ano, em outubro deste ano. Na parcial deste ano, o crescimento foi de 31,8 pontos percentuais, pois a taxa estava em 285,4% ao ano no fim de 2018.

Já a taxa média do cheque especial, de acordo com a instituição, recuou de 307,6% em setembro para 305,9% em outubro de 2019. Nos dez primeiros meses deste ano, porém, houve queda de 6,7 pontos percentuais - pois a taxa somava 312,6% ao ano no fim de 2018.

O crescimento das taxas cobradas pelos bancos foi registrado em um ambiente de estabilidade. A taxa geral de inadimplência para pessoas físicas e para as empresas (com recursos livres) permaneceu em 3,9% em outubro - mesmo patamar de setembro. Em dezembro do ano passado, estava em 3,8%.

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O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da sua fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente.

Para usar o crédito rotativo, o consumidor paga qualquer valor entre o mínimo e total da fatura. O restante é automaticamente financiado e lançado no mês seguinte, com juros.

O cheque especial é uma linha emergencial que permite ao correntista gastar um certo limite definido pelo banco, mesmo que ele não tenha dinheiro na conta.

A recomendação de especialistas é de que os clientes evitem essas linhas de crédito ou as utilizem por um período muito curto de tempo, pois as taxas de juros cobradas são extremamente elevadas.

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A orientação é que os clientes substituam essas modalidades por linhas mais baratas, como, por exemplo, o crédito consignado, em que as prestações do empréstimo são descontadas da folha de pagamentos.

Juros bancários médios

De acordo com o BC, houve queda nos juros médios das instituições com recursos livres (sem contar BNDES, crédito rural e imobiliário) de setembro para outubro.

A taxa média total (pessoa física e jurídica) passou de 36,9% ao ano, em setembro, para 35,9% ao ano em outubro. Na parcial do ano, avançou 0,3 ponto percentual, pois estava em 35,6% ao ano no fim de 2018.

Os juros nas operações com pessoas físicas passaram de 51,3% ao ano, em setembro, para 49,7% ao ano, em outubro. Nos dez primeiros meses do ano, subiram 0,8 ponto percentual, pois somavam 48,9% ao ano no fechamento de 2018.

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A taxa média cobrada das empresas recuou de 17,8% ao ano, em setembro, para 17,6% ao ano, em outubro. Na parcial deste ano, caiu um 1,2 percentual, pois estava em 18,8% ao ano no fim de 2018.

Spread bancário

O chamado spread bancário (diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram de seus clientes) registrou queda de setembro (30,8 pontos percentuais) para 30,3 pontos percentuais, em outubro.

Apesar disso, o spread bancário segue em patamar elevado para padrões internacionais.

Nas operações com pessoas físicas, recuou de 45 pontos para 43,9 pontos de setembro para outubro (contra 40,7 pontos em dezembro de 2018).

O spread é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.

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Segundo Pinho de Mello, o Banco Central aposta na tecnologia para fazer com que o custo de crédito caia para o cliente. Em 2020, a instituição quer tirar do papel o novo pagamento instantâneo, apelidado de "zap de pagamentos", que vai permitir transferência online para o pagamento de contas, sem usar dinheiro, cartão e até mesmo conta no banco. É como se o celular virasse uma "maquininha". A operação poderá ser feita 24 horas, sete dias por semana, com um período para confirmação de até 10 segundos.

O avanço das fintechs (startups que oferecem inovações de serviços financeiros) e o open banking (troca de informações dos dados dos clientes entre as instituições, inclusive as fintechs) também vão contribuir para baixar o chamado spread bancário (diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa cobrada dos clientes), afirmou o diretor.

Crédito

O volume total (estoque) do crédito bancário subiu 0,3% em outubro deste ano e atingiu R$ 3,37 trilhões. Esse foi terceiro mês seguido de expansão.

De acordo com o BC, o volume das operações com pessoas físicas subiu 1,1% no mês passado, para R$ 2 trilhões, com destaque para o crédito pessoal - consignado e não consignado, veículos e cartão à vista.

Já o crédito para as empresas, por outro lado, sofreu redução de 0,8% no mês passado, para R$ 1,4 trilhão, "considerados os efeitos de amortizações sazonais em modalidades com recursos livres e da apreciação cambial [alta do dólar]".

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No acumulado de 12 meses até outubro, o crédito total do sistema financeiro registrou crescimento de 6,3%. Isso representa aceleração em relação ao registrado em doze meses até setembro (+5,8%).

De acordo com o BC, as concessões totais de crédito somaram R$ 370 bilhões em outubro.

No fim de setembro, o Banco Central baixou de 6,5% para 5,7% a previsão de crescimento do crédito bancário neste ano. Essa foi a segunda redução seguida da expectativa de alta do crédito, que estava em 7,2% no começo deste ano.

Em 2018, após dois anos de queda, o crédito bancário voltou a crescer. O volume total (estoque) atingiu R$ 3,26 trilhões, alta de 5,5%.

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