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Juros americanos caem, taxa Selic sobe: como fica o brasileiro?

19 set 2024 - 15h25
Resumo
Fed inicia ciclo de cortes na taxa de juros nos EUA, enquanto Copom eleva Selic no Brasil em meio a preocupações econômicas.
Juros americanos caem, taxa Selic sobe: como fica o brasileiro?
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Em dia (18) marcado por importantes decisões de política monetária nos Estados Unidos e Brasil, o Federal Reserve deu início ao ciclo de cortes na taxa básica de juros americana em 0,50 p.p., para a faixa entre 4,75% e 5,00% a.a., enquanto o Copom iniciou um processo de ajuste ao elevar a taxa Selic em 0,25 p.p. – a 10,75% a.a. –, em linha com as projeções mais recentes da GCB Investimentos.

Nos EUA, mesmo com algumas preocupações no radar dos investidores, a inflação tem se mostrado comportada e continua arrefecendo, o que trouxe mais confiança ao Fed no processo de convergência de forma sustentável à meta de 2,0% a.a., enquanto a atividade e o mercado de trabalho seguem desacelerando, fatores cruciais para esta decisão da principal autoridade monetária do planeta dado o seu duplo mandato: inflação controlada e pleno emprego.

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Neste contexto, o Federal Reserve seguirá acompanhando a evolução do cenário, dos indicadores e das expectativas dos agentes a cada reunião para uma melhor condução de sua política monetária.

No Brasil, desde a última reunião do Copom, temos observado uma desancoragem das expectativas futuras, decorrente do alto grau de incertezas domésticas com os novos ruídos políticos, as recentes declarações de Galípolo e a piora verificada no balanço de riscos brasileiro – em especial o quadro fiscal – dentro de um contexto internacional bastante delicado, de uma taxa de câmbio ainda em patamar elevado e de um maior dinamismo da atividade brasileira, com potencial de trazer pressões sobre a inflação.

Esse panorama foi responsável por ampliar o nível de prêmio na curva de juros, resultando nesta decisão do Banco Central brasileiro de forma unânime entre os membros.

No entanto, vale destacar que alguns sinais positivos marcaram a última leitura do IPCA, indicador oficial de inflação brasileira. O dado, divulgado na semana anterior, mostrou uma composição qualitativa mais benigna, com a desaceleração tanto da média dos núcleos quanto dos preços de serviços, que são mais correlacionados com o mercado de trabalho e, consequentemente, tem mostrado maior resistência.

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Além disso, devemos ter uma influência positiva da queda recente do preço petróleo e do aumento do “diferencial de juros” (entre a taxa Selic e a taxa básica de juros americana) sobre as futuras decisões por aqui, diante das expectativas de um potencial afrouxamento monetário mais intenso pelo Federal Reserve, que já começou com um corte mais forte na quarta-feira (18).

Portanto, a atual conjuntura demanda maior cautela sobre a atuação do BC, que preferiu deixar o guidance mais em aberto e deve seguir acompanhando a divulgação de indicadores econômicos até a próxima reunião, em novembro.

Com a piora recente nas perspectivas inflacionárias somada a uma forte pressão do mercado, diante desse balanço de risco mais assimétrico para cima e da dificuldade na convergência da inflação à meta de 3,0% a.a., o Bacen poderá vir a realizar novos aumentos na taxa Selic até o fim deste ano.

(*) Lucas Constantino é economista-chefe da GCB Investimentos.

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