O Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) decretou, na quarta-feira, 18, a prisão preventiva de dois dos envolvidos no suposto esquema de desvio de transferências via Pix recebidas como doações enviadas à Record Bahia. Também foi marcado o julgamento dos 12 réus para fevereiro de 2025, segundo o jornal Correio, que teve acesso ao processo.
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Carlos Eduardo do Sacramento Marques Santiago de Jesus e Thais Pacheco Costa tiveram a prisão preventiva decretada por terem deixado o município de Salvador. Por isso, o juiz Cidval Santos Sousa Filho considerou que a medida era necessária para garantir a ordem pública.
Os 12 réus são acusados de associação criminosa, apropriação indébita e lavagem de dinheiro. O esquema, que ficou conhecido como "golpe do Pix", teria desviado R$ 407.143,78 em 12 campanhas feitas pela emissora com o intuito de ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade.
Segundo a denúncia do Ministério Público da Bahia, à frente do esquema estariam o jornalista Marcelo Castro, então repórter no programa Balanço Geral, e Jamerson Oliveira, ex-editor-chefe do programa. Hoje, Castro ganhou um programa de destaque no SBT e é dono do portal Alô Juca, que faz sucesso nas redes sociais.
Também são réus nos processos: Alessandra Silva Oliveira de Jesus, Daniele Cristina da Silva Monteiro, Débora Cristina da Silva Monteiro, Eneida Sena Couto, Gerson Santos Santana Junior, Jakson da Silva de Jesus e Lucas Costas Santos. Os suspeitos negam o crime.
Relembre o caso
A suspeita de irregularidades no recebimento das doações surgiu depois que o programa colocou no ar, em 28 de fevereiro de 2023, a história de Guilherme, de 1 ano, que precisava de remédios para o tratamento de um tumor na barriga e de outro no crânio.
Os medicamentos do garoto chegavam a custar R$ 365 mil. Com o canal aberto para doações, o jogador Anderson Talisca ligou para o canal se propondo a bancar a primeira ampola do remédio Qarziba, no valor de R$ 73 mil.
O staff do atleta, porém, notou que a chave Pix passada a eles fora do ar era diferente da mostrada na transmissão. A dupla, então, alertou a direção da emissora sobre o estranhamento.
Após o alerta, uma investigação interna constatou que a chave exibida na TV pertencia a um barbeiro sem qualquer ligação formal com o programa. Além disso, foi notado que, dos R$ 109,5 mil arrecadados com a ajuda dos telespectadores no caso do menino, apenas R$ 40 mil chegaram à família.
De acordo com a Polícia Civil, os outros R$ 69,5 mil teriam sido desviados. Desta quantia, segundo a Revista Piauí, R$ 27 mil teriam ido para Castro, R$ 9 mil para um motorista de aplicativo e R$ 31,5 para Jamerson Oliveira. Todos os investigados negaram a acusação.
Poucos dias depois do apelo feito pela TV Record, o menino não resistiu e morreu pela doença.
Segundo o delegado Charles Leão, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico, a DreofCiber, a médica “foi muito enfática em informar que, pelo estado avançado do tumor, já não se podia fazer mais nada. Mesmo com a aplicação dos remédios naquele momento, não poderia ter sido evitado o fator morte. Assim, deixou-se de analisar qualquer dolo eventual em relação a um possível homicídio dessa criança”.