Oferecimento

'Laranjas' vendem dados por R$ 600 em esquema das 'bets chinesas' registradas na Fazenda, diz jornal

Algumas empresas na lista do Ministério da Fazenda estão em nome de beneficiários de programas sociais

2 dez 2024 - 11h43
(atualizado às 14h01)
Resumo
Apuração de jornal revela que 33 dos 183 cadastros de casas de apostas no Sigap foram feitos por 'laranjas', podendo compor um esquema de fraudes.
Foto: Hirurg/GettyImages

Ao menos 33 dos 183 pedidos de cadastros de casas de apostas no Sistema de Gestão de Apostas (Sigap), do Ministério da Fazenda, foram feitos por "laranjas", que . O número foi obtido por uma apuração do jornal Estadão, que conversou com algumas das pessoas que emprestaram o nome e os dados para estrangeiros em troca de pagamentos.

Segundo a reportagem, brasileiros dizem ter recebido R$ 600 por empresa cadastrada no Ministério da Fazenda. Uma das fontes, uma contadora de 33 anos, moradora  de Gravataí (RS), cota que foi recomendada a um chinês por uma conhecida que passa os dias publicando links de acesso a jogos de apostas irregulares.

Publicidade

A gaúcha conta ter aberto 29 CNPJs para o estrangeiro, que se dispôs a pagar R$ 600 por cada empresa aberta e cadastrada no site do governo. Mas, ao invés do próprio nome, usou o de familiares. Os pagamentos, segundo ela, eram feitos por meio de uma conta aberta para ela dentro da plataforma de jogos. 

Há também outras 20 empresas que têm indícios de irregularidades na lista porque aparecem como baixadas na Receita Federal [irregulares ou fechadas]  ou estão em nome de beneficiários de programas sociais. Ao todo, é possível que cerca de 29% das empresas com solicitações abertas no Ministério da Fazenda componham um esquema de fraudes.

Desde outubro deste ano, a Fazenda autorizou apenas que casas de apostas que tenham ingressado com pedido de regularização possam atuar. Até o fim deste ano, uma nova lista deve ser publicada, já com os nomes definitivos das empresas que se adequaram ao período de transição e estão dentro das regras definidas pelo ministério para atuar. O mercado regulado começa oficialmente em janeiro de 2025.

O esquema com bets que usam laranjas tem sido chamado como o das "bets chinesas" porque, segundo o Estadão, parte dos operadores desse tipo de site é oriunda da China. Mas também há fraudadores que atuam a partir de outras nações asiáticas e do leste europeu. Eles usam modelos semelhantes de sites, com links que mesclam letras e números. É possível jogar usando dados cadastrais falsos ou incompletos.

Publicidade

A reportagem do jornal chegou a conversar com duas pessoas que assumiram terem comprado dados de brasileiros para se inscreverem na lista do Ministério da Fazenda. As conversas aconteceram via aplicativo de mensagens e ligações em inglês. O número usado pelo casal tinha o DDD do Camboja, que se diziam chineses que moram em Dubai.

Segundo o estrangeiro, o motivo deles estarem expondo suas empresas em um cadastro oficial seria de que "nossa plataforma precisa ser legalizada para entrar no mercado brasileiro".

De acordo com o Ministério da Fazenda, a análise dos pedidos de autorização feita na Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) detecta empresas registradas por laranjas ou por pessoas com renda incompatível com o negócio. “Se houver indícios de cometimentos de crimes, a SPA poderá enviar os casos aos órgãos de repressão aos crimes, o Ministério Público e a Polícia (Federal, estaduais ou distrital, conforme o caso)”, disse a pasta, em nota ao Estadão.

Fonte: Redação Terra
TAGS
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações