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Economia

Largo da Batata sobe de nível com projetos imobiliários de alto padrão; entenda

Região de Pinheiros ganha a atenção de construtoras de prédios residenciais e corporativos; veja motivos

5 abr 2025 - 09h12

O Largo da Batata, em Pinheiros, na capital paulista, é assim chamado por ter sido um importante ponto comercial para a venda desse alimento por agricultores na década de 1920, embora o nome tenha sido oficializado apenas em 2012. No seu entorno, também eram vendidos outros itens de produtores de municípios próximos, como Cotia, Itapecerica da Serra e Carapicuíba, o que levou à criação do Mercado Municipal de Pinheiros, a poucos metros dali.

A região também tem uma histórica vocação para ser um eixo de transportes. Se hoje é servida por opções de ônibus e uma estação de metrô da Linha 4-Amarela, inaugurada em 2010, era percorrida por bonde na década de 1930. Com o passar dos anos, a região se viu cada vez mais ocupada por prédios corporativos. Eles, entretanto, ficavam mais à frente na Av. Brigadeiro Faria Lima.

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A área do Largo ficou, então, com a Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat, lojas de comércio popular e galpões usados para armazenar mercadorias. Com o desenvolvimento imobiliário, essa configuração vem mudando.

Segundo dados do Índice FipeZap, Pinheiros é atualmente um dos bairros mais valorizados da cidade, ao lado do Itaim Bibi. Para a compra, o preço médio do metro quadrado de uma moradia é de R$ 17.976, uma alta de 7,8% em 12 meses terminados em fevereiro. Para aluguel, o metro quadrado no bairro sai por R$ 90,90, tendo uma elevação de 9,1% em 12 meses.

De acordo com levantamento feito pelo Estadão com dados da plataforma imobiliária Zap, o preço médio do metro quadrado no entorno do Largo da Batata vai de R$ 9,8 mil a R$ 21 mil. Já os preços dos imóveis, na maioria usados, vão de R$ 574.350 a R$ 1.678.099.

De olho no potencial da região, nomes como SKR, Benx e You.Inc têm empreendimentos residenciais novos no entorno do Largo da Batata.

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A valorização do mercado imobiliário do bairro, que tem terrenos cada vez mais disputados por grandes construtoras, leva o preço do metro quadrado residencial ao patamar de R$ 21 mil nesses novos projetos.

No Ollie 117, da SKR, localizado bem no começo da rua dos Pinheiros, a variedade de plantas simboliza os diferentes perfis de compradores de imóveis na área. Para investidores, há studios de 24 m² a 31 m². Para moradores, há plantas de um, dois ou três dormitórios.

A vocação corporativa da região fez a empresa colocar um espaço de coworking no prédio, algo que nem todo residencial tem hoje em São Paulo. O lazer ficou dividido em duas áreas: uma piscina no 10º andar e um espaço para festas no 26º, o mais alto do edifício.

Empreendimento também atraiu investidores ao bairro de Pinheiros
Empreendimento também atraiu investidores ao bairro de Pinheiros
Foto: Divulgação/SKR / Estadão

O diretor de desenvolvimento e gestão de projetos na SKR, João Leonardo Castro, diz que a empresa acredita no desenvolvimento da região e que o Ollie 117, lançado no começo do ano passado, está com 60% das unidades vendidas. A SKR também terá outro lançamento na Deputado Lacerda Franco, próximo ao Largo da Batata, reforçando sua aposta na região

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"Esse eixo comercial da Faria Lima tem muitos clientes da própria região porque pessoas que querem morar perto do trabalho", afirma Castro. O executivo conta que conseguir compor terrenos na região é um dos maiores desafios para erguer novos prédios.

Além do projeto da SKR, um pouco mais à frente, a região conta com um projeto de luxo da Even, o Faena, que tem hotel e apartamentos residenciais. Localizado na Av. Eusébio Matoso, mais perto dos Jardins, o preço médio do metro quadrado é mais elevado, chegando a R$ 40 mil.

Segundo especialistas, apesar da chegada de novos projetos, o processo de valorização imobiliária do Largo da Batata e de seu entorno ainda não atingiu seu ápice e pode ser uma oportunidade para investidores.

"Creio que a valorização continua em ascensão. A área denominada Faria Lima Nova, que engloba o entorno do largo, tem atraído empresas de TI, telecomunicações, mercado financeiro e jurídico. A realização do próximo leilão de Cepacs previsto para o segundo semestre deve aumentar o potencial construtivo na região", diz Gustavo Favaron, presidente do GRI Club, organização internacional que reúne 17 mil executivos do setor imobiliário, de 103 países.

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Prédios corporativos

Embora a Faria Lima seja o CEP dos empreendimentos corporativos mais caros de São Paulo, a região do Largo da Batata não constava nessa lista. Isso começou a mudar em 2021, com a inauguração do Faria Lima Plaza, um dos prédios mais valorizados da região, com preço médio de locação de R$ 165 por metro quadrado, de acordo com a consultoria imobiliária JLL.

"É um empreendimento de alto padrão que trouxe bons inquilinos, grandes marcas. Isso traz todo um público que pode mudar a região", afirma Fábio Martins, líder de gerenciamento de propriedades na JLL.

Avaliado em R$ 1,2 bilhão, o prédio abriga escritórios de multinacionais, como Shopee e Uber, as maiores locatárias. Em breve, a Klabin deve transferir a sede para o novo prédio, com o qual já tem contrato de locação fechado por 10 anos. Com as três empresas, o edifício tem ocupação de mais de 90% das suas lajes.

Edifício Faria Lima Plaza tem Shopee, Uber e Klabin como inquilinos de lajes corporativas
Foto: Werther Santana/Estadão / Estadão

Alexandre Alfer, responsável pelos fundos imobiliários da Capitânia, gestora que é dona de 40% do prédio, afirma que o lançamento do empreendimento, desenvolvido pela VR Investimentos junto à HSI, foi um dos acontecimentos que mais trouxeram valorização imobiliária à região, assim como a estação de metrô. A aquisição da participação que estava nas mãos da XP se deu porque a empresa diz ter visto uma oportunidade de valorização, uma vez que os aluguéis estavam relativamente baixos para a localização do prédio.

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"Hoje, a gente já tem aluguel chegando próximo à faixa de R$ 200 o m² e temos apenas meio andar vago", afirma Alter.

Revitalização

Procurada, a Jacarandá Capital não concedeu entrevistas, assim como a Benx e a You.Inc., mas o Estadão apurou que a gestora comprou diversas propriedades na região do Largo da Batata. Nas ruas Fernão Dias e Martim Carrasco, a empresa comprou 29 imóveis e construiu uma espécie de shopping a céu aberto, que abriga lojas, restaurantes e cafés.

O projeto chamado Lapi, um acrônimo de Largo de Pinheiros, começou a tomar forma em 2019, com o estúdio de arquitetura SuperLimão formatando como ele ficaria. A maior parte da área de 20 mil m² já está aberta e a última parte ficará pronta em meados deste ano. Ao lado do Lapi, foi criado um grande estacionamento para permitir que o espaço receba também o público que transita pela região de carro.

O Lapi tem hoje como inquilinos nomes como Vans, Pingado e Livraria Cultura.

Lapi foi criado pela Jacarandá Capital, com projeto estúdio de arquitetura SuperLimão
Foto: Divulgação/SuperLimão / Estadão

Para Thiago Rodrigues, sócio do SuperLimão, o objetivo principal do Lapi era unificar os diversos imóveis adquiridos, trazendo o pedestre para dentro das quadras e costurando as fruições. A intenção não era criar um shopping tradicional ou um open mall, e sim regenerar a área, trazendo luz, pessoas, segurança e vitrines para as calçadas, aplicando conceitos urbanísticos contemporâneos.

"Acabamos criando espaços acolhedores, com segurança, iluminação e música. Trabalhamos até mesmo no tipo de cheiro que a área ia ter", diz Rodrigues.

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Lapi tem hoje como inquilinos nomes como Vans, Pingado e Cultura
Foto: Divulgação/SuperLimão / Estadão

Com o leilão de Cepacs da Faria Lima, que deve ser o último, ainda não se sabe o que será feito com as áreas que estão nas mãos da Jacarandá. Segundo especialistas, a região tem vocação para projetos residenciais, e a necessidade menor de Cepacs para moradias em vez de prédios corporativos reforça isso.

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