Projeto busca garantir que os fãs tenham uma chance mais justa de adquirir ingressos a preços razoáveis, em vez de serem superados por programas automatizados.
Na fim de abril, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei Taylor Swift, que prevê punições severas de até três anos de prisão e multa ao sugerir novos tipos de crimes no que diz respeito à prática do cambismo, dando ênfase ao ambiente digital.
“O enorme aumento no uso de aplicativos móveis pelos consumidores nos últimos 12 meses foi acompanhado por um aumento ainda mais dramático nos golpes, incluindo práticas de fraude de cliques como o uso de bots para realizar compras rápidas e em grande volume, como fazem os cambistas e cibercriminosos para capitalizar as enormes quantidades de dinheiro que fluem por meio da venda ilegal de ingressos ou mercadorias por preços diferentes dos meios oficiais” explica Chris Roeckl, diretor de produtos da Appdome.
O relatório Global de Expectativas dos Consumidores da Appdome, o balcão único para defesa de aplicativos móveis, aponta que mais da metade das pessoas (51,8%) preferem usar dispositivos móveis para realizar compras online em vez de canais da web. Um estudo recente da ClickCease estimou que a fraude de cliques em dispositivos móveis custa aos anunciantes e produtores mais de US$24 bilhões de dólares, e esse número aumentou 64% em relação a 2023.
Fraude de cliques e sneakerbots
A fraude de cliques ocorre sempre que há cliques falsos ou ilegítimos, seja como uma tentativa de obter crédito por uma ação bem-sucedida da qual não participou ou pela geração de cliques completamente fabricados, por onde não há intenção ou interesse real no produto ou serviço. Em todos os casos, a motivação para a fraude de cliques é o dinheiro.
De acordo com Roeckl existem muitos métodos e técnicas diferentes que os fraudadores usam para gerar cliques falsos. Na maioria das vezes, a fraude de cliques é realizada por meio de programas automatizados como os bots, ou seja, programas de software automatizados criados especificamente para gerar grandes volumes de cliques.
No método de sneakerbots, compras são automatizadas para obter ingressos ou produtos de alta demanda e, depois que se esgotam, os cambistas virtuais cobram preços altíssimos com enormes margens de lucro para compradores desesperados pelo ingresso ou produto limitado ao perderem a chance de obtê-los.
Assim como em eventos, shows e espetáculos, no mundo dos tênis, marcas populares como Nike, Adidas e New Balance são fortemente afetadas por estarem em constante ataque de bots. Ao lançar edições limitadas a rapidez de cliques efetuados pelos bots programados pelos hackers faz com que os produtos se esgotem em poucos minutos, um bot pode levar até 3 segundos para finalizar o processo, ou seja, eles obtêm vantagens avassaladoras frente à velocidade de clique dos compradores reais, desta forma, é fácil revendê-los para colecionadores que pagariam preços muito mais altos pelas peças desejadas, gerando enormes lucros para os hackers.
Recomendações contra uso de bots
No que diz respeito à comercialização de bilhetes fora dos locais autorizados por preço superior ao fixado, o projeto de lei que agora segue para o Senado é um esforço legislativo para combater métodos de ciberataques na compra de ingressos para shows e eventos.
Desta maneira, o projeto busca garantir que os fãs tenham uma chance mais justa de adquirir ingressos a preços razoáveis, em vez de serem superados por programas automatizados, mas Roeckl alerta que as empresas e marcas também precisam estar ativamente combatendo as ameaças, juntamente às ações governamentais.
O relatório da Appdome também revelou que 56,2% dos consumidores afirmaram que as marcas e os desenvolvedores de apps devem ser responsáveis por garantir uma experiência segura para aqueles que o utilizam.
“Além de comprometer sites devido ao alto tráfego gerado, os bots também afetam os preços dos produtos no mercado. Quando o estoque expira, o produto é revendido a um preço mais elevado do que o inicial. Portanto, devido ao aumento de bots a serviço de cambistas nos últimos anos, as empresas de comércio eletrônico devem procurar soluções avançadas de segurança cibernética para se protegerem. Nestas soluções, os bots podem ser combatidos usando ferramentas capazes de detectar fraudes”, pontua Helder Ferrão, gerente de marketing de indústrias da Akamai na América Latina.
O especialista da Appdome concorda ao explicar que implementar medidas de seguranças robustas e proteger o usuário de ciberataques deve ser responsabilidade do desenvolvedor e da marca móvel.
“Hoje em dia é possível utilizar soluções que ofereçam detecção de bots, defesa rápida e inteligência abrangente tanto para web quanto para aplicativos móveis, como o MobileBot Defense. Os desenvolvedores também podem usar geofencing para garantir que apenas usuários locais possam realizar transações. No mundo da fraude de cliques, todos perdem, exceto os fraudadores, portanto nenhum esforço deve ser poupado quando se trata de segurança”, conclui.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.