Apesar da empresa oficialmente negar que está à beira de uma recuperação judicial, a Light entrou de vez no radar das preocupações do mercado e a cada dia que passa aumentam as desconfianças de que algo não vai bem na companhia, o que não é uma grande novidade na avaliação de uma fonte próxima ao assunto, que explica a crise atual como consequência de uma série de decisões equivocadas que começaram com a entrada de novos sócios.
Em 2020, Ronaldo Cesar Coelho, o maior investidor privado da Light, vendeu 5,1% para o investidor Carlos Alberto Sicupira, um dos sócios da gestora 3G Capital, dona de empresas como ABInBev, Burger King e Lojas Americanas, que passou a deter 10% da Light. Após a venda, os dois sócios fizeram uma reestruturação na companhia, mudando o presidente e o Conselho de Administração.
Em resposta enviada ao Estadão/Broadcast, a Light negou que esteja próxima de uma recuperação judicial e reafirmou que contratou a consultoria financeira Laplace para assessorá-la "na avaliação de estratégias financeiras que viabilizem a melhoria de sua estrutura de capital e de alternativas para tanto".
A contratação da assessoria financeira, porém, reforçou a percepção de que a empresa poderia estar enfrentando problemas para rolar as dívidas, tendo em vista a proximidade do fim do prazo de concessão da distribuidora do grupo, que se encerra em 2026.
O cenário levou as agências de avaliação de risco Fitch e Moody's a baixar as notas de crédito da Light S.A. e suas subsidiárias Light SESA (distribuidora) e Light Energia (geradora). A S&P também rebaixou o rating da Light SESA alegando "maior risco de financiamento".
Para o analista da Ativa Investimentos Ilan Arbetman, quando uma empresa contrata uma consultoria como a Laplace, o problema está mais à frente, e o mercado viu uma possibilidade da Light não honrar seus compromissos. "Mostra que está tendo dificuldade da Light em refinanciar prazos para além de 2026?, avaliou recentemente o analista.
"Tanto na ação da empresa, quanto no crédito, não há dúvida de que as expectativas para os próximos eventos podem não ser das melhores. O mercado está se preparando para tudo", conclui Arbetman.