A alta do dólar está fazendo com o brasileiro deixa de lado o mercado imobiliário americano em busca de novos horizontes. E Portugal tem sido a melhor opção em tempos de dólar a R$ 3. Consultor imobiliário da empresa Safe Athena, o francês radicado no Brasil, Roman Carel, afirma que essa é uma tendência para longo tempo: “A Europa está saindo da crise e Portugal foi o primeiro país a cumprir suas obrigações e com uma economia já bem melhor que Espanha, Grécia e Irlanda, por exemplo”, explica.
Especialista em comércio de imóveis para brasileiros na região de Orlando, nos Estados Unidos, Edna Batini, da empresa Vitoria Realty, confirma que houve um decréscimo no volume de vendas de imóveis para brasileiros. “Percebemos sim uma retração com a desvalorização do real”, disse, mesmo afirmando que em tempos de valorização da moeda, imóvel é sempre um investimento mais seguro. “Mas os brasileiros estão com menor poder de compra”, confirma.
Se o mercado é de imóveis de luxo, Portugal parece também estar chegando na frente dos americanos. “Portugal virou atrativo por três motivos: deixou de taxar rendas de aposentados, mudou o estatuto de residentes não habituais (só começa a cobrar impostos sobre a renda a partir do 5º ano), além de não taxar mais heranças”, explica Carel. Além disso, um investimento acima de R$ 1,5 milhões dá direito a visto de residência com livre circulação na Comunidade Econômica Europeia. De acordo com Batini, o mercado americano também dá facilidades com juros bem mais baixos do que os praticados no Brasil e preços convidativos.
Roman Carel aponta outro fator: as taxas de condomínio nos Estados Unidos estão ficando muito caras, sem falar nos preços altos do mercado imobiliário nacional: “Para quem quer vender no Brasil o mercado está parado por conta dos altos preços. Com a Copa e os Jogos Olímpicos os preços ficaram doidos”, disse o consultor, que afirma que o ritmo do mercado nacional está fora do normal.
Edna Batini defende sua parcela de mercado e diz que comprar imóveis nos Estados Unidos ainda é bem interessante. “Aqui, onde trabalhamos (perto dos Parques da Disney), muita gente compra apartamentos para usufruir por uma parte do ano e aluga por temporada, e a tendência é valorizar o imóvel além de ter um rendimento em dólar para o proprietário”, lembra.
Só para se ter uma ideia da diferença no preço dos imóveis atualmente entre Brasil e Europa, o metro quadrado no Rio de Janeiro, no Leblon, bairro considerado caro, está variando entre R$ 18 mil a R$ 25 mil. Já em Lisboa o preço máximo alcança R$ 15 mil. “Lisboa anda renovando bairros inteiros de olho nesse mercado de luxo, prédios com retrofit. E como o país tem muito boa estrutura, isso acaba atraindo o comprador”, afirma Roman Carel, que afirma já ter orientado mais de 200 interessados no mercado português nos últimos tempos.
O brasileiro que opta por comprar um imóvel nos Estados Unidos prefere casas ou apartamentos de 4 quartos com piscina privativa. “Aqui nos Estados Unidos o investimento é sem risco”, diz a consultora. Já Carel confirma a tendência de o brasileiro buscar outros mercados. “O brasileiro está mais global”, mas faz um alerta: “O mercado com esse preços não é para quem não é profissional.”