O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, 15, que o Brasil não precisava de reformas como as previdenciária e a trabalhista, que as mudanças foram uma imposição de interesses de alguns setores e que, caso seja eleito presidente em outubro, irá rediscutir alguns das mudanças trabalhistas.
Em entrevista à rádio Banda B, de Curitiba, o ex-presidente, que lidera com folga as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial, foi questionado sobre o porquê, em seus dois mandatos, com uma base significativa no Congresso e boa aprovação popular, não tinha feito as reformas consideradas necessárias.
"Quem disse que o Brasil precisava das reformas? Quem disse isso era o setor empresarial, que queria se desfazer do país inteiro. Isso não é reforma. Em 2014 a Previdência era superavitária. O problema da Previdência é que se você não tiver emprego, não tem contribuinte, e se não tiver contribuinte é deficitária", respondeu.
"O que precisamos ter em conta é a quem interessa essa reforma do Estado. Eu nunca vi nenhum trabalhador brasileiro, nenhum sindicalista, falar em reforma, quem fala em reforma são os empresários", continuou.
Na sequência, Lula voltou a dizer que pretende mexer na reforma trabalhista, aprovada no governo de Michel Temer. O ex-presidente não defendeu a derrubada integral dos pontos aprovados, mas afirmou que ela precisa ser revista para que, segundo ele, o trabalhador volte a ter direitos e seja "tratado com decência".
A única reforma defendida pelo ex-presidente na entrevista foi a tributária. Ele lembrou que, durante seu governo, enviou ao Congresso duas propostas de reforma nessa área, a segunda depois de uma longa discussão com governadores, prefeitos e o Congresso, mas nenhuma foi votada.
Agora, Lula admite que mudanças tributárias são necessárias.
"Precisamos ainda começar a discutir uma reforma tributária. Não sei se uma reforma tributária completa ou tópicos de uma reforma tributária", afirmou.
"Está faltando que os ricos paguem sobre lucro e sobre dividendo. Aí quem sabe a gente vai arrecadar o suficiente para pagar as políticas públicas que o Brasil tanto precisa", defendeu.