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Lula, que atacou independência do BC por 2 anos, diz que Galípolo terá a maior autonomia da história

Em vídeo na rede X, o presidente Lula, ao lado do ministro da Fazenda, diz que Galípolo 'vai dar uma lição de como é que se governa o Banco Central com a verdadeira autonomia'; veja o vídeo

20 dez 2024 - 16h03
(atualizado às 19h12)

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou um vídeo ao lado do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e disse que ele será o chefe da autarquia com "mais autonomia" que a instituição já teve. O futuro presidente do BC assumirá o cargo por uma "relação de confiança minha e de toda a equipe do governo", diz Lula, depois de ter passado seus primeiros dois anos do atual mandato questionando a autonomia do BC e o comando de Roberto Campos Neto, indicado pelo antecessor no Planalto, Jair Bolsonaro.

"Eu quero te dizer que você será, certamente, o mais importante presidente do Banco Central que esse País já teve, porque você vai ser o presidente com mais autonomia que o Banco Central já teve", comentou Lula em vídeo publicado nas redes sociais nesta sexta-feira, 20. "Quero que você saiba que jamais, jamais, haverá da parte da Presidência qualquer interferência no trabalho que você tem que fazer no Banco Central", complementou no vídeo (assista mais abaixo).

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A autonomia do Banco Central foi uma questão-chave na relação entre o presidente da República e o atual chefe do BC, Campos Neto, alvo de críticas frequentes de Lula.

No domingo passado, 15, os ataques miraram a instituição, quando o presidente da República, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, afirmou que "a única coisa errada nesse País é a taxa de juros, que está acima de 12%", e que "a irresponsabilidade é de quem aumenta a taxa de juros todo dia; não é do governo federal". Em seguida, acrescentou: "Mas nós vamos cuidar disso também".

A autonomia também pautou uma live de despedida de Campos Neto no canal da autarquia, nesta sexta-feira, 20. Nela, o atual presidente do BC citou a conquista da autonomia institucional como uma das principais mudanças na instituição durante a sua gestão, iniciada em 2019, mas ponderou que esse processo que representou um ganho institucional ainda não está terminado.

Lula sinaliza 'pacificação com mercado'

Em almoço com ministros nesta sexta-feira, 20, Lula indicou que quer uma espécie de pacificação entre seu governo e o mercado financeiro. Em uma inflexão de discurso, ele disse entender o motivo de as taxas de juros estarem altas — apesar de se incomodar com elas. Também mencionou que o governo não pode gastar mais do que arrecada.

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Lula deu as indicações em pronunciamento que fez no evento, fechado à imprensa, no Palácio da Alvorada. As informações apuradas pelo Estadão/Broadcast Político contemplam o sentido das declarações, não as palavras exatas usadas pelo presidente.

O mercado financeiro tem demonstrado desconfiança com a capacidade do governo de cortar despesas. Nas últimas semanas houve uma escalada do dólar em relação ao real, e esse receio da Faria Lima foi um dos motivos.

Quem participa do vídeo com Lula

O presidente da República promoveu um almoço de final de ano com seus ministros e líderes do governo. Galípolo também participou do encontro. Nas redes sociais, Lula publicou um vídeo ao lado de Galípolo e dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, do Planejamento, Simone Tebet, e da Casa Civil, Rui Costa.

"Eu tenho certeza que, pela sua qualidade profissional, por sua experiência de vida, e pelo seu compromisso com o povo brasileiro, certamente você vai dar uma lição de como é que se governa o Banco Central com a verdadeira autonomia", disse. O petista, então, desejou sorte na gestão de Galípolo à frente do órgão.

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Na declaração, Lula diz que está "oferecendo um presente, uma novidade" ao País com a indicação do "jovem" Galípolo. Ele, então, se referiu a Galípolo e deu um discurso de defesa da estabilidade econômica e combate à inflação.

"Eu queria dizer ao Galípolo que seguimos mais convictos que nunca que a estabilidade econômica e o combate à inflação são as coisas mais importantes para proteger o salário e o poder de compra das famílias brasileiras", afirmou.

O chefe do Executivo disse que o governo tomou "medidas necessárias" para "proteger a regra fiscal" e que a gestão seguirá atenta às necessidade de novas medidas. "O Brasil é guiado por instituições fortes e independentes que trabalham em harmonia para avançar com responsabilidade", complementou.

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