BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas nesta quinta-feira, dia 12, a agentes do mercado financeiro e afirmou que não considera adequado classificar como "gasto" despesas do governo na área social. O presidente se disse irritado com reações de investidores a declarações suas a respeito de despesas do governo, que considera "investimentos", e afirmou que o mercado "não tem coração".
"Às vezes fico muito irritado", reconheceu Lula. "Peço desculpas, porque o mercado não tem coração, não tem humanismo. O governo precisa cuidar das pessoas mais necessitada e pronto."
"Muita gente aprendeu a negar o Estado, acha que o Estado é ruim. As últimas grandes crises quem salvou foi o Estado", reagiu Lula. "Na pandemia nenhum banqueiro resolveu bancar vacina, quem bancou foi o Estado. O Estado tem que colocar comida na mesa, tem que financiar vacina. Tivemos lamentavelmente um presidente que brincou com a doença não quis comprar vacina. É um disparate, mostra a irresponsabilidade de um governo que agiu quase como genocida."
Lula fez as comparações durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto. O petista disse que perdeu companheiros de partido por ter feito superávit primário nos governos anteriores e que não é "marinheiro de primeira viagem". "Qual a preocupação as pessoas têm que ter com governo do PT? Nenhuma", defendeu o presidente.
Eletrobrás e reforma tributária
O presidente também criticou o aumento de salários na Eletrobrás, empresa que foi privatizada no governo Jair Bolsonaro. Lula disse ter ficado impressionado com informações que recebeu nesta manhã, ao discutir a indicação de conselheiros da empresa, segundo as quais eles vão receber cerca de R$ 200 mil mensais, para participar de um reunião.
"A Eletrobras foi privatizada e aumentaram o salário deles parece, que o salário foi para R$ 300 mil por mês e era R$ 60 mil", afirmou Lula, sobre o presidente da empresa. "Mais grave ainda, fiquei sabendo agora. Sabe quanto ganha um conselheiro da Eletrobras? R$ 200 mil por mês para participar de uma reunião. "Isso não é gasto? Não é jogar dinheiro fora? Como vou botar ministros ou secretário executivo? Vão ganhar cinco vezes mais que presidente da República. Cadê a seriedade nisso? Cadê as pessoa que cobram seriedade?".
Lula defendeu uma reforma tributária: "É preciso fazer política tributária nova, que mais ricos paguem mais imposto que os pobres, que hoje pagam mais que os ricos comparativamente".