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Lula manda novo recado e diz que Banco Central é 'irresponsável' ao aumentar taxa de juros

Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, presidente critica gestão da política monetária e também comenta corte de gastos e reforma tributária

15 dez 2024 - 23h25

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou as críticas ao Banco Central e diz que a condução da política monetária com seguidas elevações da taxa de juros é uma "irresponsabilidade". "A irresponsabilidade é de quem aumenta a taxa de juros todos os dias", diz Lula em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 15.

"A única coisa errada nesse País é a taxa de juros, que está acima de 12%", afirmou Lula. " Essa é a coisa errada. Não há nenhuma explicação. É uma inflação totalmente controlada. A irresponsabilidade é de quem aumenta a taxa de juros todo dia. Não é do governo federal. Mas nós vamos cuidar disso também."

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Nesta última quarta-feira, 11, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou a taxa básica de juros (Selic) em um ponto porcentual, de 11,25% para 12,25% ao ano, em decisão unânime. Um dos votantes foi o próprio Gabriel Galípolo, indicado por Lula para suceder Roberto Campos Neto no comando do BC no próximo ano.

Como mostrou o Estadão, Galípolo corre o risco de ter de elevar a Selic para um patamar superior ao que foi praticado no auge do mandato de Campos Neto, no qual a Selic chegou a 13,75%. Com a piora dos ativos brasileiros nas últimas semanas, a leitura dos economistas é de que o cenário ficou bem mais delicado desde o encontro do Copom de novembro. Agora, na avaliação deles, o País terá de passar por um processo ainda mais duro e longo de alta da taxa básica de juros.

Nessa mesma conversa ao Fantástico, Lula também enviou mensagem ao mercado e afirmou que "ninguém tem mais responsabilidade fiscal do que ele". "Ninguém nesse País, do mercado, tem mais responsabilidade do que eu. Não é a primeira vez que eu sou presidente da República", disse. "Não é o mercado que tem que se preocupar com os gastos do governo. É o governo."

Lula também afirmou que o Congresso Nacional tem a primazia na decisão do que entrará ou não no pacote de corte de gastos. "O pacote foi mandado para o Congresso Nacional, e o Congresso tem soberania para mudar as coisas. Se votar alguma coisa que eu possa mudar, eu posso mudar. Mas eu não vou puder mudar", disse.

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O presidente também disse que se reunirá com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, depois dos exames que serão feitos na quinta-feira, 19, para definir o que poderá ser feito no texto da regulamentação da reforma tributária, que passará pelo crivo final da Câmara dos Deputados.

"Essa proposta aprovada pelo Senado e vai voltar para a Câmara. Quando eu voltar, a partir de quinta-feira vou conversar com as pessoas e vou ver o que a gente pode fazer. O que a gente não quer é aumento de tributo", disse.

Lula recebeu alta hospitalar neste domingo, 15, mas precisará ficar em São Paulo até quinta-feira, quando será realizada uma nova tomografia. Se não houver resultados negativos no exame, ele poderá voltar para Brasília. Nos próximos dias, o presidente não pode realizar exercícios físicos que demandem mais esforços e fazer viagens internacionais.

Nessa mesma entrevista ao Fantástico, o médico de Lula disse que ele correu risco de morte. "Foi uma situação extremamente grave. Ele corria o risco de acontecer o pior", disse Kalil, ao ser questionado se o incidente poderia ter sido fatal.

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A primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, ainda relatou que ver a crise de saúde do presidente foi "a pior noite" para desde o falecimento da mãe. "Depois da noite em que minha mãe faleceu, aquela foi a pior noite para mim. Porque eu não sabia como a gente ia amanhecer no dia de terça-feira. Foram realmente momentos angustiantes de não saber o que ia acontecer", afirmou Janja. "Fiquei emocionada de ver ele bem. Foi. Foi uma situação extremamente grave. Ele corria o risco de acontecer o pior."

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