A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia avaliou nesta quinta-feira (2) que mais importante que o número do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre é a sua qualidade, defendendo que um cenário pessimista da atividade econômica é "pouco provável" em função dos dados positivos do mercado de trabalho.
Em nota, a SPE reiterou expectativa de crescimento da economia superior "a 5,0% em 2021 e maior que 2,0% em 2022". As projeções contrastam com a mediana das estimativas do mercado de 4,78% e 0,58%, respectivamente, conforme apontado pelo boletim Focus mais recente.
À Reuters, contudo, o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, afirmou que o desempenho da economia no terceiro trimestre foi fortemente afetado por um choque negativo no agronegócio, que sofreu contração de 8% sobre os três meses anteriores, e as implicações desse dado conjuntural para as estimativas ainda precisarão ser analisadas pela secretaria.
Especificamente sobre o desempenho do terceiro trimestre, a SPE afirmou que a queda da agropecuária teve impacto relevante e que, se ela fosse zerada na margem, a alta do PIB seria de 0,3% a 0,4%.
"É fundamental distinguir o que é política econômica de fatores climáticos adversos e pontuais da natureza. A maior crise hídrica em 90 anos de história e a ocorrência de severas geadas tiveram impacto tanto em setores intensivos em energia como em setores que dependem do clima, como agricultura", disse a nota da secretaria.
O PIB do terceiro trimestre caiu 0,1% sobre os três meses anteriores, divulgou o IBGE nesta quinta-feira, ficando em território negativo pelo segundo trimestre consecutivo. Pesquisa Reuters mostrava expectativa de estabilidade.
"É evidente que o número acaba não agradando (ao mercado), mas o convite que eu faço ao debate é vamos olhar o seguinte: o que é efeito de política econômica e o que é um choque da natureza", disse Sachsida.
A despeito da contração, a SPE afirmou que a taxa de poupança chegou a 18,6%, o que marcou seu retorno ao nível do mesmo trimestre de 2014. A taxa de investimento, por sua vez, alcançou 19,4%, voltando a "patamar do começo da década passada".
"Destaca-se a melhora na qualidade do crescimento", defendeu a secretaria.
"Se até 2013 o investimento era, em grande parte, financiado com recursos públicos, hoje o investimento é financiado majoritariamente pelo setor privado: os recursos, através de decisões do setor privado, vão para onde é mais eficiente e não mais para onde o Estado determina. A redução de direcionamento de crédito é fundamental para retomada do investimento", complementou.