O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou até agora apenas dois nomes que irão compor a sua equipe. Gabriel Galípolo, ex-presidente do Banco Fator, será o secretário executivo do Ministério, enquanto o economista Bernard Appy será o secretário especial para a reforma tributária.
Um dos principais entraves para a definição dos outros nomes que vão compor a equipe é a escolha dos ministros do Planejamento, da Gestão e da Indústria, que têm impacto no xadrez da formação do corpo técnico que vai integrar a equipe da Fazenda.
Guilherme Mello, por exemplo, cotado para integrar a pasta, também é citado para o BNDES, já que ele e o presidente indicado para o banco, Aloizio Mercadante, são muito próximos.
O PT quer ampliar sua participação nos ministérios econômicos. Por outro lado, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, não conseguiu emplacar nenhum nome até o momento para a futura equipe econômica.
Coordenador do governo de transição, Alckmin chegou a sondar Felipe Salto, secretário de Fazenda de São Paulo. Mas Haddad, em entrevista à Globo News na semana passada, desconversou quando questionado sobre Salto.
Entre os economistas do mercado, a avaliação é de que ainda falta um nome forte para a área fiscal. Haddad tem feito entrevistas em São Paulo, mas deve voltar nesta segunda-feira para Brasília e dar prosseguimento às conversas.
Um dos nomes que surgiram na bolsa de apostas para essas negociações é o do secretário de Fazenda do Paraná, Renê Garcia Júnior, que já foi secretário de Estado de Controle Geral do Governo do Rio de Janeiro, presidente da Fundação Pró-Coração (Fundacor), superintendente da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e membro do Conselho de Administração do BNDESPar/BNDES.
Em outra frente, Fernando Haddad terá de lidar com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que tem mandato garantido até 2024.
Apesar do tom amigável do primeiro encontro de Campos Netto e Haddad, realizado na terça-feira passada, quando assessores citaram que o "santo bateu" entre os dois, a realidade deu as caras dias depois, quando o presidente do BC de Bolsonaro, de perfil liberal, fez vários alertas sobre o risco fiscal da alta de gastos para o combate à inflação, da volta de subsídios dos bancos públicos e de mudança na TLP, a taxa que baliza os empréstimos do BNDES.
Mais reticência
Haddad, por outro lado, repetiu duas vezes que o ideal seria conseguir levar a taxa Selic (a taxa básica de juros da economia, hoje em 13,75% ao ano), ao nível de um dígito para que o País possa deslanchar.
O mercado financeiro, porém, tem mostrado cada vez mais reticência em relação a um início rápido do ciclo de queda dos juros. Já há analistas apontando que esse queda só deve começar em 2024.
Em relação ao BNDES, Haddad sugeriu que a atuação do banco seja "tópica e precisa", adiantando que o banco de fomento não será mais uma instituição que vai "atrás do sujeito para emprestar".